Acervo apresenta principalmente pinturas japonesas do período Edo (1603-1867) até a era moderna (Imagem: Reprodução)
Imagine estar diante de uma obra-prima como “Cinquenta e Três Estações do Tōkaidō – Chuva Súbita em Shōno”, de Hiroshige, observando caminhantes na encosta de uma montanha sob a chuva. É uma cena que nos convida a simplesmente observar. Mas e se aquela pintura tivesse mais história para contar? E se a chuva em “Tōkaidō” de Hiroshige pudesse realmente cair? Ou as figuras na encosta pudessem continuar sua jornada?
Com essas provocações, o Museu de Arte de Fukuda, no Japão, apresenta a sua primeira edição de Pinturas em Movimento em parceria com o Google Arts & Culture. O espaço selecionou 24 pinturas do acervo para ganharem vida com Veo, modelo avançado de geração de vídeo da empresa. Além de movimento, as obras passaram a ter comentário dublado por Gemini. O texto foi escrito por Ayako Takemoto, Diretora Adjunta do museu.
“Ao animar essas pinturas com o modelo de geração de vídeo Veo do Google, estamos abrindo uma porta digital para uma experiência emocional diferente”, diz o site do projeto. “Nossa intenção não é apenas adicionar movimento; é desvendar narrativas ocultas. Transformando a beleza estática em uma história vibrante e viva.”
O Museu de Arte de Fukuda está localizado no pitoresco bairro de Arashiyama, em Kyoto. O acervo, composto por aproximadamente 2.000 obras, apresenta principalmente pinturas japonesas do período Edo (1603-1867) até a era moderna. Embora priorize obras de artistas do mundo artístico de Kyoto, o acervo também inclui obras-primas de pintores renomados como Ito Jakuchu, Katsushika Hokusai, Maruyama Okyo e Uemura Shoen.
O projeto inclui dois modos operacionais distintos, cada um projetado para responder a um tipo diferente de questão visual. Na animação, o usuário é colocado dentro da narrativa em desenvolvimento da obra, enquanto o modo fotorrealista oferece uma janela que permite aos espectadores imaginar o que pode ter inspirado o artista.
No modo animação, curadores identificam a energia implícita na cena — a chuva caindo, o viajante que passa, a bandeira tremulando — para traduzi-las em vetores de movimento específicos. O Veo então sintetiza essas entradas para renderizar uma sequência contínua e de alta definição. O resultado é uma narrativa controlada que se desenrola, transformando a história implícita na composição em um evento visual explícito.
Já no modo fotorrealista, o Veo utiliza a imagem estática como semente visual para gerar um vídeo de alta fidelidade que simula o mundo fotorrealista que pode ter inspirado a visão original. Este processo de visão computacional prevê um ambiente estável e temporalmente coerente a partir de uma única imagem, essencialmente oferecendo uma janela digital para a realidade que precedeu a interpretação artística.
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Essa não é a primeira iniciativa do Google Arts & Culture Lab com IA em arquivos visuais. Em julho, as imagens expostas no Museu Harley-Davidson, em Wisconsin, que contam a história da marca, também foram animadas, com texto e áudio gerados pelo Gemini. Algumas delas retratam antigo chão de fábrica, pilotos de corrida ou jovens aprendendo a pilotar.
“Fotos de arquivo transmitem muito sobre as pessoas, suas atitudes, determinação e energia. Quando vemos as pessoas em movimento, isso acrescenta mais emoção e conexão. Nunca poderemos conhecer algumas dessas pessoas pessoalmente, mas essas imagens em movimento nos ajudam a nos sentir um passo mais próximos”, afirma Bill Jackson, Gerente de Arquivos e Serviços de Patrimônio do Museu Harley-Davidson.
Esta post foi modificado pela última vez em 25 de setembro de 2025 08:31