Diversas marcas locais e importadas de salgadinhos e chips saborizados em prateleira de supermercado/ Crédito: TY Lim (Shutterstock)
Quando o assunto é câncer de pulmão, o cigarro é rapidamente associado como o principal causador dessa condição. No entanto, estudo recente revela que o consumo de ultraprocessados pode aumentar a chance de desenvolver a doença.
No Brasil, o número de diagnósticos de câncer de pulmão são expressivos. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), há o surgimento de 30 mil novos casos por ano. A média global também é preocupante, são 1,8 mortes registradas anualmente com base nos levantamentos feitos pelo Global Cancer Observatory.
Uma dieta rica em alimentos ultraprocessados como refrigerante, salgadinhos, bolachas recheadas, embutidos e refeições congeladas está diretamente relacionada com o aumento das chances de desenvolver câncer de pulmão. É o que indica um estudo da Universidade Chongqing, na China.
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Publicada na revista científica Thorax, a pesquisa foi feita ao longo de 12 anos e acompanhou de perto a vida de 100 mil adultos que moravam nos Estados Unidos. Uma porcentagem desses participantes consumia com frequência ultraprocessados, e foi esse grupo que teve um aumento de 41% de chances de desenvolver o câncer de pulmão.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados do Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial – um estudo robusto capitaneado pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos.
Foram registrados, ao longo do período do estudo, 1.706 casos de câncer no pulmão, 1.473 de carcinoma de não pequenas células e 233 de pequenas células. Mesmo depois de alguns ajustes estatísticos, levando em conta a causa principal, tabagismo e exposição a contaminantes, a relação entre consumo consistente de ultraprocessados e risco de desenvolver a doença continuou significativa.
Um comparativo feito na pesquisa analisou dois grupos diferentes. Dos 25% dos participantes do grupo que mais consumiam ultraprocessados, a probabilidade de desenvolver câncer de pulmão chegou a 41%, em comparação com quem consumia menos.
E o risco sobe quando se trata dos subtipos raros da doença. A incidência de carcinoma de pequenas células, normalmente ligado ao tabagismo, teve aumento de 44%, enquanto que no carcinoma de não pequenas células a elevação foi de 37%.
Vários fatores podem explicar os resultados do estudo, ingredientes contidos nos ultraprocessados, por exemplo, podem levar a inflamações que facilitam a formação de tumores.
Para se ter uma ideia, 70% das células do sistema imunológico vivem no intestino, então o consumo de alimentos pouco saudáveis podem causar estresse oxidativo, além de alterar a microbiota intestinal prejudicando as defesas do corpo, mesmo em órgãos fora do trato digestivo, como é o caso do pulmão.
Os ultraprocessados são alimentos produzidos em larga escala, e, como o nome sugere, passam por muitos processos industriais e contêm um número considerável de ingredientes artificiais com aditivos alimentares até chegar ao produto final.
O nitrito e o nitrato, por exemplo, presentes em carnes processadas, ou a acrilamida, substância química que se forma naturalmente durante o cozimento de alimentos ricos em amido, são conhecidos por desencadearem câncer no pulmão e também no trato urinário.
Embora haja um consenso de que nem todos os ultraprocessados são iguais em malefícios – os embutidos como salsicha, salame e presunto, são mais perigosos quando o assunto é risco de câncer do que as bebidas açucaradas – é preferível focar em uma alimentação natural, eliminando ou deixando o consumo de ultraprocessados como uma exceção, e não a regra.
Esta post foi modificado pela última vez em 25 de setembro de 2025 19:41