Esta ilustração artística mostra o quasar recordista J059-4351, o núcleo brilhante de uma galáxia distante alimentado por um buraco negro supermassivo (Imagem: ESO/M. Kornmesser)
Um buraco negro localizado a mais de 12 bilhões de anos-luz da Terra surpreendeu astrônomos ao apresentar um comportamento inédito. Conhecido como J0529, o objeto cósmico não apenas devora matéria, mas também a ejeta com força impressionante, desafiando o que se sabia sobre a física desses fenômenos.
A descoberta foi feita pela equipe do professor associado Christian Wolf, da Universidade Nacional da Austrália (ANU), em 2024. Agora, com o uso de equipamentos ópticos avançados do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, os cientistas puderam analisar o buraco negro em detalhes e constatar que sua intensidade é única no universo conhecido.
Apesar de ser descrito como o objeto mais luminoso já observado, o buraco negro no centro do quasar J0529 possui massa equivalente a “apenas” um bilhão de sóis. Isso é dez vezes menor do que as estimativas anteriores indicavam.
Segundo Wolf, a discrepância ocorre porque o buraco negro não está apenas absorvendo matéria, mas também expelindo gás em velocidades que chegam a 10 mil quilômetros por segundo — rápidas o bastante para dar uma volta na Terra em menos de cinco minutos. “O intenso brilho está soprando o gás para longe. Este é o objeto mais brilhante do universo que conhecemos”, explicou o pesquisador.
Esse comportamento pode ajudar a explicar a origem dos buracos negros supermassivos. Antes, muitos cientistas acreditavam que eles não poderiam se formar apenas a partir do colapso de estrelas. No entanto, o novo estudo sugere que essas estruturas gigantes podem, sim, ter nascido dos restos de astros nos estágios iniciais do universo.
“Enquanto a taxa de crescimento ainda parece rápida demais para ser explicada facilmente, a reavaliação desse objeto e de outros semelhantes aponta para uma solução: os buracos negros supermassivos podem ter surgido do colapso estelar nas primeiras fases do cosmos”, afirmou Wolf.
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A pesquisa também foi possível graças ao avanço de técnicas como a interferometria, que combina a luz de múltiplos telescópios para gerar imagens de altíssima resolução. O professor Michael Ireland, também da ANU, destacou que esse método deve revolucionar outros campos de estudo astronômico.
“Minha área de pesquisa é o nascimento de planetas ao redor de estrelas jovens, e a nova tecnologia do ESO trará mudanças profundas. No futuro próximo, nossa própria história de criação ficará ainda mais clara”, disse Ireland.
Esta post foi modificado pela última vez em 28 de setembro de 2025 10:55