O telescópio espacial Hubble, que completou 30 anos de operação em abril passado, pode ser considerado um dos instrumentos científicos mais importantes na história da humanidade. Apesar de um "fiasco" logo após seu lançamento, quando os engenheiros da Nasa descobriram que ele era "míope", reparos e upgrades ao longo dos anos restauraram e expandiram sua capacidade.
Isso tornou possível a confirmação de hipóteses sobre a existência de buracos negros no coração das galáxias, a descoberta de exoplanetas e a trouxe pistas sobre a origem e funcionamento do universo.
No ano passado Kevin Sembach, diretor do Space Telescope Science Institute, instituto responsável pelo controle e operação do telescópio, tinha grandes esperanças para o futuro. Ele afirmou que "o melhor ainda está por vir", citando como exemplo um projeto chamado Ulysses, que pretende usar equipamentos sensíveis à luz ultravioleta instalados no Hubble para capturar detalhes da formação das estrelas.
Mas talvez os planos tenham de ser repensados. Duas falhas recentes de hardware, uma delas ainda sem solução, colocam em dúvida a longevidade do Hubble. Há quem diga que "ele está morrendo", enquanto a Nasa insiste que ainda não desistiu de encontrar uma forma de colocá-lo novamente em operação.

O problema mais recente foi causado por uma falha no "payload computer", o computador que controla a operação de toda a "carga útil" (ou seja, os instrumentos científicos) à bordo. A causa exata ainda não foi determinada, mas hipóteses incluem uma falha em um módulo de memória, ou uma falha em um sistema de comunicação entre o payload computer e o computador principal.
Uma opção é substituir o computador afetado por um computador de backup, que foi instalado durante a última missão de manutenção, realizada pelo ônibus espacial Atlantis em 2009. Uma nova missão de manutenção para o envio de peças extras não é possível, já que com a aposentadoria dos ônibus espacias a Nasa não tem uma espaçonave capaz de realizá-la. Ou seja, os engenheiros são forçados a trabalhar com o que já tem em órbita.
Se o computador de backup não puder ser usado, um dispositivo que também foi instalado em 2009 poderá direcionar a reentrada do Hubble na atmosfera terrestre, fazendo-o "queimar" sobre uma região que não apresente risco para a população.
Mesmo que o Hubble seja forçado a encerrar prematuramente sua missão, as informações que ajudou a desvendar ficarão para sempre conosco. O telescópio já fez mais de um milhão de observações e forneceu dados que os astrônomos usaram para escrever mais de 16 mil publicações científicas de ampla gama de tópicos – da formação dos planetas aos gigantescos buracos negros.
Esses artigos foram referenciados em outras publicações mais de 800 mil vezes, e esse total aumenta, em média, mais de 150 por dia. Todo livro de astronomia atual inclui contribuições do telescópio e os universitários de hoje não conhecem um tempo em suas vidas em que os astrônomos não estavam fazendo ativamente descobertas com seus dados.
Também ficarão conosco as belíssimas imagens das regiões mais distantes e mais estranhos fenômenos do cosmos. Veja abaixo oito imagens icônicas.