Divindades dos povos antigos costumavam ter relação com o Sol, a Lua e outros astros. Para os egípcios, por exemplo, o deus Sah estava ligado a estrelas na constelação de Orion, enquanto a deusa Sopdet estava relacionada com a estrela Sirius. Mas um novo estudo apontou uma ligação, no mínimo, intrigante entre a deusa egípcia do céu e a Via Láctea.

Leia mais

publicidade

Textos antigos descrevem a divindade egípcia

  • Na mitologia antiga, a deusa Nut engoliu o Sol quando ele se pôs e deu à luz a ele mais uma vez quando a enorme estrela se levantou no dia seguinte.
  • Para entender a ligação desta divindade com a Via Láctea, foi preciso comparar a descrição da deusa em textos antigos com simulações da aparição da galáxia no céu daquele período.
  • As conclusões foram apresentadas em um artigo publicado no Journal of Astronomical History and Heritage.
Deusa Nut fornecendo comida e bebida (Imagem: Londres: Methuen & Co., 1904)

Via Láctea destacava a presença de Nut no céu

Um dos documentos antigos analisados foram os Textos da Pirâmide. Esculpidos nas paredes das pirâmides egípcias há mais de 4 mil anos, eles apresentam uma coleção de feitiços para ajudar a jornada dos reis para a vida após a morte.

Outras evidências sobre a relação da deusa e a Via Láctea são apresentadas nos Textos do Caixão. Pintados em caixões algumas centenas de anos após a era das pirâmides, estas obras eram uma coleção semelhante de feitiços.

publicidade

Já o Livro de Nut descreve o papel da deusa no ciclo solar. Ele foi encontrado em vários monumentos e papiros, e sua versão mais antiga data de cerca de 3 mil anos atrás.

Nesta obra antiga, a cabeça e a virilha de Nut foram descritas como os horizontes ocidental e oriental, respectivamente. Além disso, o documento afirma que ela engoliu não apenas o Sol, mas também uma série de estrelas chamadas de “decanal” que se acredita terem sido usadas para dizer o tempo durante a noite.

publicidade

Já o braço direito de Nut foi descrito como deitado no noroeste e seu braço esquerdo no sudeste em um ângulo de 45 graus em relação ao seu corpo. Ao simular o céu do antigo Egito foi possível descobrir que essa orientação era justamente a da Via Láctea durante o inverno.

A conclusão do estudo é que a galáxia pode ter sido usado como uma maneira figurativa de destacar a presença de Nut no céu. A deusa é frequentemente retratada em murais de túmulos e papiros funerários como uma mulher nua e arqueada, um retrato que se assemelha ao arco da Via Láctea.