Apesar das ondas de desinformação e negacionismo, a maioria dos brasileiros defende a manutenção e o aumento dos investimentos em pesquisas. Levantamento feito pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) ainda mostrou que população tem interesse na produção de ciência no país e acredita na relevância dela, mas que setor ainda precisa avançar.

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Investimentos em pesquisa

O levantamento “Percepção pública da ciência e tecnologia no Brasil”, realizado pelo CGEE, entrevistou 1.931 pessoas com mais de 16 anos, com cotas por gênero, idade, escolaridade, renda e local de moradia de todas as regiões do país.

Segundo a Agência Fapesp, o estudo mostra que o Brasil continua sendo um dos países que mais acredita e tem interesse na ciência, mesmo em anos de crise.

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Do total dos entrevistados, 94% acredita que o governo deve manter ou aumentar investimentos em pesquisa científica e tecnológicas nos próximos anos. Apenas 3% indicou necessidade de diminuição.

O nível de interesse também tem se mantido alto durante as últimas duas décadas. 60% dos participantes revelou estar interessado ou muito interessado nos temas relacionados à ciência em tecnologia, com destaque para esporte (54,3%), arte e cultura (53,8%) e política (32,6%).

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Yurij Castelfranchi, coordenador do Observatório de Inovação, Cidadania e Tecnociência (Incite) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) comentou sobre os dados no evento de lançamento do estudo:

Embora tenha tido uma pequena queda em momentos de crise social e política, o interesse do brasileiro por ciência e tecnologia, em média, é maior do que o observado em outros países. O fato de mais da metade dos brasileiros dizerem que têm interesse por ciência é um indicador da relevância social que eles atribuem a esse tema, independentemente do fato de eles se sentirem parte ou não dela. Os brasileiros não estão tão distantes da ciência como muitos cientistas e intelectuais acham.

Yurij Castelfranchi
(Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Nível e impacto positivo da ciência

  • Os brasileiros também mantém uma visão positiva da pesquisa e acreditam em sua relevância. Nessa edição do levantamento, 66% dos entrevistados disse que a ciência e a tecnologia trazem mais benefícios do que malefícios para a sociedade;
  • Castelfranchi aponta que esse número é maior do que países como Japão e Canadá, onde a polarização e radicalização mudou a visão sobre a ciência;
  • Segundo ele, apenas entre 4% e 6% dos brasileiros é anticiência. 8% dos entrevistados revelou que os impactos são mais negativos do que positivos;
  • No entanto, dese 2010, os pesquisadores notam uma percepção maior de que a ciência no Brasil está “atrasada”. Para o coordenador, isso pode ser resultado da ausência de políticas sólidas nesse sentido;
  • Por exemplo, apenas 15% dos entrevistados apontou que a ciência brasileira é avançada e 35%, intermediária;
  • De acordo com Castelfranchi, isso não revela que a ciência nacional é ruim, mas que é preciso fazê-la avançar ainda mais.

Aquecimento global vs investimentos em pesquisa

Além de estudar a percepção sobre os investimentos em pesquisa no Brasil, o levantamento também analisou a percepção sobre o aquecimento global, como um impacto direto do setor de conhecimento.

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95% da população afirmou ter consciência da existência do fenômeno e 60% acredita que ele é perigoso. Os índices foram menores no Centro-Oeste e Sul do país.