Você consegue imaginar a vida sem seu smartphone? Ele provavelmente é seu companheiro de todas as horas: te avisa a hora de acordar e qual a previsão do tempo do dia, permite mandar mensagens para amigos e conhecidos, se atualizar das demandas do trabalho e se conectar às redes sociais para mero entretenimento. Algumas pessoas, porém, não querem passar tanto tempo conectadas aos próprios celulares.

Assim, surge nova demanda de mercado: os “celulares burros”, ou “dumbphones”, como são chamados os celulares com poucos recursos, semelhantes aos flip phones antigos.

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Os celulares burros

O termo dumbphone (celulares burros, em tradução literal) se refere aos aparelhos antigos, sem alguns dos recursos mais modernos que estamos acostumados, como acesso à internet. O Olhar Digital já explicou as características desses dispositivos, aqui.

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Mas, com tantas possibilidades dentro dos smartphones atuais, por que alguém ia querer um desse? Segundo a BBC, alguns grupos nichados já recorrem a esses aparelhos, como pais que querem limitar o uso dos filhos ou idosos em busca de tecnologia mais simples.

No entanto, adolescentes e adultos estão percebendo como os celulares estão afetando suas vidas, desde prejudicar a concentração e qualidade do sono até agravar problemas de saúde mental. Elas querem se desconectar e viram nos “celulares burros” uma forma de fazer isso radicalmente (por que usar o limite de tempo de tela, certo?).

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Dumbphone
Imagem: Brett Holmes/Shutterstock

Vantagens dos dumbphones

Os aparelhos são básicos, com parência semelhante aos celulares dos anos 1990. Alguns parecem flip phones, por exemplo.

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Há vantagens. Os dumbphones são mais baratos que smartphones. De acordo com o repórter do portal, foi possível comprar um aparelho deste tipo por US$ 69, cerca de R$ 353. Já se você pesquisar no Google “flip phones 2024”, achará opções novas por cerca de R$ 200.

Sem contar que, apesar de não terem acesso à internet e outros recursos aos quais estamos acostumados, eles ainda oferecem recursos básicos, como chamadas, calculadora e despertador.

Nokia tijolão 3210
Imagem: Divulgação/Nokia

Mas há desvantagens

Não vamos entrar no mérito da ausência de recursos (afinal, se uma pessoa recorreu aos “celulares burros”, foi propositalmente).

Desvantagens mais gritantes vêm por parte do mercado: simplesmente não há tanto interesse em produzir esses aparelhos. Vamos entender:

  • Um estudo de agosto de 2023 da Counterpoint Research mostrou que os dumbphones representaram apenas 2% das vendas no mercado dos Estados Unidos;
  • O número é baixo, mas, ainda assim, é considerável: a estimativa era que, até o final daquele ano, seriam 2,8 milhões de unidades saindo das lojas;
  • De acordo com a empresa, há mercado para esses dispositivos. O problema é com as fabricantes: embora haja demanda, os lucros nesse nicho são baixos e desincentivam o setor;
  • Alguns dos motivos para isso são o hardware básico (as big techs focam em hardwares especializados), a prioridade em dispositivos avançados, o foco do uso dos semicondutores nos smartphones mais populares e a própria vontade das empresas de vender mais aparelhos “caros” do que os flip phones;
  • A tecnologia também pode ser um problema. Alguns “celulares burros” têm acesso às redes 2G e 3G, que se tornam cada vez mais escassas.

dumbphone celular antigo
Imagem: Peter Gudella/Shutterstock

Há alternativa para os celulares burros

Thomas Husson, vice-presidente e principal analista da Forrester Research, falou à BBC sobre alternativas para que os dumbphones se mantenham disponíveis para as pessoas que os queiram.

Para ele, uma opção é que as marcas desenvolvam um segmento premium para atingir esses nichos, focando em abordagem mais moderna que dê lucros.

A empresa Light, por exemplo, criou os Light Phones, celulares que minimizam a exposição à internet e redes sociais. O valor gira em torno de US$ 299, cerca de R$ 1.530. Apesar de ser preço alto por modelo básico, atende à demanda do mercado por valor menor do que os smartphones avançados e ainda dá lucro à companhia, viabilizando a produção.