Nossas tecnologias, como celulares e torres de transmissão, emitem constantemente ondas de rádio para o espaço. Astrônomos acreditam que essas ondas já chegaram a 75 sistemas estelares próximos, potencialmente sinalizando a existência de uma civilização avançada na Terra para qualquer vida alienígena atenta. 

Embora cientistas tenham monitorado essas transmissões de rádio por anos, foi só recentemente que os cientistas puderam captar esses sinais vindo da Lua.

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Em 22 de fevereiro, a espaçonave privada Odysseus pousou com sucesso na Lua e, a bordo, um pequeno radiotelescópio registrou ondas de rádio da Terra por 1,5 hora. Este experimento, chamado ROLSES, foi conduzido perto da cratera Malapert A, cerca de 297 km do polo sul lunar.

Imagem simulada do pouso da sonda Odysseus na Lua. Crédito: Intuitive Machines

Jack Burns, astrofísico da Universidade do Colorado em Boulder e coinvestigador do ROLSES, descreveu este evento como o “alvorecer da radioastronomia da Lua”. O objetivo é usar a Terra como um modelo para buscar sinais semelhantes em planetas distantes, o que poderia indicar a presença de vida inteligente.

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Primeira transmissão de rádio da Lua

Durante uma apresentação na 244ª reunião da Sociedade Astronômica Americana, Burns mostrou uma imagem com pontos brancos em um fundo preto, formando linhas horizontais. Estes pontos eram sinais de rádio de transmissores terrestres captados pelas antenas do ROLSES. Segundo Burns, é a melhor “selfie de frequência” da Terra já feita, fornecendo uma visão sem precedentes em comprimentos de onda de rádio.

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, o pouso da sonda Odysseus não foi perfeito. A espaçonave de 4,3 metros desceu mais rápido do que o planejado e tombou de lado, provavelmente devido a uma perna de pouso fraturada ao atingir um terreno lunar. Isso fez com que suas antenas não ficassem apontadas para a Terra, dificultando o envio de dados.

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Imagem registrada pela câmera de pouso mostra que a sonda Odysseus quebrou uma “perna” ao chegar à Lua. Crédito: Intuitive Machines

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Devido a esses problemas, o ROLSES conseguiu registrar dados por apenas duas horas, em vez dos esperados oito dias. Isso afetou a qualidade dos dados, dificultando a decodificação das transmissões de rádio. “O tempo reduzido afetaria a relação sinal-ruído dos dados coletados”, explicou Burns. 

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Em meio a esses desafios, os pesquisadores ainda conseguiram coletar 20 minutos de dados adicionais quando uma das antenas superaqueceu e se deslocou do módulo de pouso. “Aproveitamos isso, ligamos nosso espectrômetro de rádio e obtivemos alguns dados”, relatou Burns.

Após uma semana na Lua, a Odysseus entrou em silêncio em 29 de fevereiro ao anoitecer, conforme era esperado, já que não foi projetada para sobreviver à congelante noite lunar. Quando a luz solar voltou em 20 de março, a Intuitive Machines, empresa responsável pela Odysseus, tentou contato, mas não conseguiu ouvir seu sinal. Três dias depois, a empresa declarou que a “Odie” estava perdida permanentemente, mas havia feito história como o primeiro módulo de pouso lunar comercial.

Agora, astrônomos, como Burns, estão de olho em um novo projeto: o LuSEE-Night (sigla em inglês para algo como Experiência Electromagnética da Superfície Lunar – Noite), planejado para ser lançado ao lado oculto da Lua em 2026. Este radiotelescópio pretende detectar ondas de rádio de 13,4 bilhões de anos atrás, uma era misteriosa conhecida como Idade das Trevas cósmica, que o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, apenas começou a explorar.