As condições climáticas extremas, como temperaturas muito altas ou baixas, têm se tornado uma preocupação crescente em todo o mundo. Se o impacto na saúde dos adultos já acende um alerta, como será nas crianças? Uma pesquisa do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) buscou entender isso, com ênfase nos efeitos do frio e do calor intenso no cérebro infantil.

O estudo concluiu que ambos os extremos podem ter efeitos adversos no desenvolvimento cerebral de crianças, especificamente na substância branca, uma parte do cérebro responsável pela conexão entre diversas áreas.

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Desenvolvimento do cérebro de crianças é ameaçado por temperaturas extremas

  • A substância branca do cérebro de crianças foi analisada considerando a exposição ao frio e ao calor desde o nascimento até os 8 anos, e seus efeitos posteriores entre 9 e 12 anos com exames de ressonância magnética.
  • Os resultados revelaram que a exposição ao frio durante a gravidez e o primeiro ano de vida, bem como ao calor nos primeiros três anos, estava associada a uma maturação mais lenta dessa substância.
  • O desenvolvimento atrasado dessa parte do cérebro pode gerar uma menor eficiência na comunicação entre as áreas do cérebro.
  • A piora da função cognitiva e alguns problemas de saúde mental foram ligados a essa alteração em outras pesquisas.
  • Em resumo, os resultados do estudo sugerem um período crítico nos primeiros anos de vida, no qual a exposição ao frio e ao calor extremo pode ter efeitos prolongados no cérebro das crianças.

Crianças mais pobres são as que mais sentem os impactos

A análise do ISGlobal também considerou fatores socioeconômicos e revelou que crianças que residiam em áreas economicamente desfavorecidas estavam mais expostas aos riscos do frio e do calor extremos.

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Para esse grupo, a sensibilidade aos extremos de temperatura foi semelhante à da população em geral, mas começou mais cedo. A disparidade pode ser explicada pelas condições de moradia e pela falta de acesso a serviços energéticos modernos.

A líder da pesquisa, Mònica Guxens, destaca ao Medical Xpress como as descobertas ressaltam a vulnerabilidade dos fetos e crianças às mudanças climáticas. Elas também mostram a urgência de implementar estratégias de saúde pública para proteger as comunidades mais desfavorecidas.

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O que está por trás dos efeitos do calor e do frio no cérebro?

O impacto do clima no desenvolvimento cerebral pode estar relacionado à qualidade do sono, que tende a ser comprometida em ambientes com temperaturas extremas. Ou mesmo por outros fatores, como disfunção placentária, aumento dos níveis hormonais de cortisol e processos inflamatórios. Por enquanto ainda não há uma resposta certa.