Se você usa Android, você com certeza já teve contato com o Material Design, mesmo que você não saiba do que se trata. “Material Design” é a filosofia de design visual do Google, que tem como objetivo servir de diretriz para todos que queiram desenvolver aplicativos para o sistema.

Não se trata apenas de um esforço para “deixar todos os Androids parecidos”: o Google chegou ao Material Design por meio de muita experimentação e observando como os usuários interagiam com os elementos de seus smartphones. Com base nessas experiências, buscou criar uma linguagem de design que fosse o mais simples e acessível possível.

A seguir, saiba mais sobre os princípios de design que estão por trás do sistema operacional do Google:
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Objetivos

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Conforme o próprio Google explica na página do Material Design, ele tem dois principais objetivos. O primeiro deles é criar uma linguagem visual que una os principais elementos do design tradicional com as possibilidades e inovações da tecnologia.

Em outras palavras, a empresa pretende, com ele, trazer todo o desenvolvimento da linguagem visual – que já conta com milhares de anos, desde que os homens começaram a se comunicar por sinais visuais – para o mundo da tecnologia. De fato, segundo Matías Duarte, um dos designers por trás da linguagem, o Material Design foi inspirado em papel e tinta.

Na hora de desenvolver aplicativos, os programadores acabam se deixando levar pelas possibilidades da tecnologia e deixando de lado o que já se sabe sobre comunicação visual fora das telas digitais. Com o Material Design, o Google pretende trazer essa sabedoria ao domínio dos computadores, tablets e smartphones.

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O outro objetivo principal do Material Design é desenvolver um sistema único que permita uma experiência unificada entre todas as plataformas. Ou seja: que a aparência e a usabilidade dos aplicativos se adapte a tablets, notebooks, desktops e smartphones, aproveitando as especificidades de cada um deles, mas sem perder sua essência.

Esse talvez seja um dos maiores desafios para os desenvolvedores de aplicativos no mercado atual. Seus produtos serão utilizados em diversos aparelhos e, com isso, é necessário extrair o melhor de cada um deles.

Isso exige, por exemplo, que as interfaces se adaptem tanto a orientações de tela horizontais (de notebooks e desktops) quanto verticais (de smartphones e tablets). Exige também que elas sejam compatíveis com diversos métodos de entrada, como toque, voz, mouse e teclado, e ofereçam uma experiência agradável em todos os casos.

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Princípios

Para atingir esses objetivos, o Google fundamentou essa linguagem de design em três princípios que servem de diretriz para os desenvolvedores.

O primeiro deles é o “material”, um conveito criado pelo Google para refletir a inspiração do design físico no digital. Elementos como superfícies coloridas e bordas definidas são algo a que os usuários já estão acostumados no design visual tradicional, e que, por isso, serão facilmente compreendidos. A ideia é que os criadores pensem nas interfaces como pensariam em papéis, cartões e cartazes, para oferecer uma experiência mais direta e simples para seus usuários.

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O segundo princípio – chamado de “Bold, Graphic, Intentional (algo como “direto, gráfico e intencional) – se refere também a elementos tradicionais do design. Ele recomenda o uso de letras grandes, cores marcantes e sólidas (em vez de gradientes) para criar uma clara hierarquia entre os elementos da interface. Essa hierarquização ajuda a facilitar a experiência do usuário.

O terceiro, finalmente, se refere ao uso do movimento para dar significado. Quando usamos um aplicativo e uma janela se move para um lado, entendemos intuitivamente que podemos trazê-la de volta passando o dedo para o lado. Isso porque vimos ela se movendo – se ela simplesmente desaparecesse, não saberíamos como trazê-la de volta. Esse princípio incentiva desenvolvedores a usar animações para informar seus usuários de maneira quase subconsciente sobre como seus aplicativos devem ser utilizados

É por isso, por exemplo, que os menus dos aplicativos Android deslizam para o lado e deixam o fundo cinza quando são ativados. Deslizar para o lado ensina imediatamente ao usuário como fazer para desativar o menu, e o fato de o fundo ficar sombreado (em vez de simplesmente sumir) indica que ele ainda está lá, pronto para voltar assim que você terminar de interagir com o menu (além de retomar a ideia de materialidade).

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Isso explica também o aspecto “quadradão” do material design: ele é inspirado em materiais reais, como pedaços de papel – não é à toa que o Google Now traz as suas informações em caixinhas que ele chama de “cards” (cartões).

Pensar em pedaços virtuais de papel auxilia os designers a transmitir informação de uma maneira bonita, e também ajuda a transmitir ao usuário a ideia de que cada cartão é uma informação individual, com apenas um motivo, e que pode ser dispensado ou utilizado sem afetar os demais.

Motivo

Não é à toa que o Google se deu o trabalho de elaborar essa linguagem. A postura da empresa, conforme evidenciada por projetos como o Android One, é fazer com que o Android seja um sistema operacional acessível – em todos os sentidos da palavra – a todos.

Embora se trate de um objetivo extremamente ambicioso, é algo que a empresa está bem perto de cumprir. O sistema operacional móvel já é usado por cerca de 80% dos usuários de smartphones no mundo – e 90% no Brasil. Seus esforços em busca da acessibilidade com certeza ajudam nesse sentido.

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Por outro lado, essa acessibilidade gera um problema: o Android precisa se comunicar com um público muito maior e mais diverso do que o iOS, por exemplo. Isso exige que o Google utilize uma linguagem visual ainda mais universal para falar com seus usuários, e o Material Design é uma resposta a isso.

Outra situação gerada por essa postura da empresa é a fragmentação. Enquanto a Apple tem um número extremamente limitado de dispositivos diferentes rodando o iOS, mais de 24 mil aparelhos diferentes rodam Android no mundo. Por esse motivo, o Google também precisa desenvolver uma linguagem visual que retenha sua identidade apesar dessa diversidade.