No futuro, pessoas que compram animais domésticos talvez possam escolher qual padrão de cor seus bichos terão. Seria possível, por exemplo, ter em casa um dálmata com corações desenhados no pelo, em vez de pintas.

Uma startup americana focada em genética levantou US$ 5 milhões em um site de financiamento colaborativo focado agricultura porque conseguiu comprovar que a ideia é mais do que teoria. Chamada AgGenetics, a empresa pretende modificar uma espécie de vaca para fazer com que ela consiga viver em mais lugares pelo mundo, mas as aplicações desse tipo de tecnologia vão além.

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Tudo isso partiu da cabeça de James West, fundador da AgGenetics. Um dia, ele mostrou uma foto editada de uma vaca com código de barras a Warren Gill, então chairman na Middle Tennessee State University, onde há um grande rebanho de gado bovino. Gill disse que ninguém se interessaria por algo semelhante, mas deu a ideia: se fosse possível pintar listras brancas numa vaca, daria para pintar a vaca inteira?

West partiu com isso na cabeça, porque a sugestão não só é possível, como mais fácil do que desenhar um código de barras. Agora ele quer criar uma nova espécie de Angus, uma das vacas mais valiosas no mercado de consumo. Como ela tem pelagem naturalmente escura, é difícil criá-la em locais tropicais, então a AgGenetics pretende fazer nascer uma Angus branca e com pelo mais curto para que ela possa ser criada em países como Brasil.

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E os dálmatas?

Chefe de um laboratório de 20 pessoas na Vanderbilt University, West é expert em criar ratos geneticamente modificados para fazer experimentos relacionados a doenças humanas. Num momento de procrastinação, ele decidiu fazer um rato cuja cor dos pelos pudesse ser mudada permanentemente com uma ferramenta de engenharia genética chamada Cre-Lox. Desenvolvida pela DuPont, a técnica adiciona um gene ao DNA do animal, mas o mantém em uma espécie de cofre e ele só é ativado quando entra em contato com uma enzima especial (chamada Cre).

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Cre-Lox é algo muito usado em ratos de laboratório para “ligar” e “desligar” genes em tecidos ou órgãos específicos, mas West adotou o sistema para tornar o pelo preto. Ele raspou uma parte do pelo do rato e, com uma agulha, inseriu a enzima Cre nos folículos dos pelos, criando um padrão único que permaneceria ali enquanto o animal vivesse.

É possível aplicar a técnica usando todas as cores presentes naturalmente nos mamíferos: branco, vermelho, amarelo e preto. Os animais precisam nascer já com a modificação genética para que a técnica dê certo, e West já tem em mente uso em cachorros, gatos, cavalos, chinchilas, doninhas, entre outras espécies domésticas.

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Via: MIT Tech Review