Uma equipe de pesquisadores das Universidades de Oxford e de Queensland realizaram um teste para entender melhor como peixes reconhecem rostos humanos. Os peixes usados nos testes foram os Toxotes chatareus, uma espécie capaz de cuspir jatos de água para fora da água, para derrubar insetos de galhos e com isso conseguir alimentos. 

Segundo o The Next Web, Os cientistas mostravam a cada um dos peixes imagens de dois rostos humanos, e lhes davam prêmios (na forma de comida) sempre que eles cuspiam em uma delas. Em seguida, os cientistas começaram a misturar o rosto escolhido com outros rostos, desconhecidos para os peixes. Ainda assim, em 81% dos testes, os peixes conseguiam cuspir no rosto certo.

Em seguida, eles tentaram mostrar imagens em preto e branco e com os formatos dos rostos mais arredondados, para dificultar o processo. No entanto, sob essas condições, os peixes tiveram desempenho ainda melhor: eles acertaram o rosto certo 86% das vezes. O vídeo abaixo mostra brevemente o experimento sendo conduzido:

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Sistemas eficientes

Apesar do foco curioso da pesquisa, ela é extremamente relevante para sistemas de reconhecimento facial. Isso porque os Toxotes chatareus têm cérebros bastante reduzidos e não têm o neocórtex, a parte do cérebro responsável pelo reconhecimento de rostos nos humanos, além de não ter nenhuma razão evolutiva para aprender a identificar rostos humanos.

O fato de que os peixes consigam identificar rostos com tamanha precisão sugere a existência de um sistema muito mais eficiente para o reconhecimento de rostos. De acordo com o The Verge, essa não é a primeira vez que a existência desse sistema mais simples é sugerida: em outubro, a mesma equipe descobriu que peixes de outra espécie eram capazes de se reconhecer uns aos outros por traços faciais.

Um melhor entendimento desse sistema permitira o desenvolvimento de sistemas digitais de reconhecimento facial muito mais eficazes, simples e rápidos. Uma das autoras do estudo, a Dra. Cait Newport, disse ainda em entrevista à CNN que os peixes usam algum sistema de reconhecimento de padrões para reconhecer os rostos, em oposição aos fatores múltiplos (incluindo sociais) usados por humanos.

Cait ainda disse que, durante a realização dos experimentos, os peixes começavam a “agir de maneira estranha” quando um desconhecido entrava no laboratório. Quando ela chegava ao laboratório, por outro lado, “eles começam a cuspir em mim – muitas vezes, no meu olho direito”, disse.