Como as novas tecnologias ameaçam os bancos

Redação22/06/2016 20h42
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O Uber se tornou a maior empresa de táxis do mundo sem ter nenhum táxi; o Airbnb virou uma das maiores locadoras de imóveis sem ter nenhum imóvel. Duas empresas que começaram muito pequenas conseguiram mudar totalmente a forma como realizamos duas coisas na nossa vida: transporte e viagens. É uma questão de tempo até que outra empresa desse tipo faça a mesma coisa com os serviços bancários e de pagamentos.

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É assim que tanto os executivos de bancos e empresas de processamento de pagamentos enxergam a situação atual das “fintechs”. Esse é o nome dado às novas empresas que tentam unir o setor financeiro a novas tecnologias (por isso “fin-techs”). E ainda que elas não consigam acabar de vez com os bancos, elas deverão mudar totalmente a forma como os bancos se posicionam no mercado – segundo os próprios bancos.

Mudança de comportamento dos clientes

De acordo com Ricardo Guerra, diretor executivo do Itaú Unibanco, a internet e os smartphones são os principais responsáveis por essa mudança no mercado. A existência dessas tecnologias, em sua opinião, fez com que os clientes de diversos serviços se acostumassem a um “novo normal”: usá-los em qualquer hora e qualquer lugar. Naturalmente, os serviços de banco e pagamento também passaram a ter essa demanda.

Essa não foi a única mudança, porém, que fez com que a situação mudasse. A internet e os smartphones também foram importantes porque permitem que os clientes dos serviços se informem melhor e, com isso, se sintam mais empoderados. “Antes a empresa tinha mais poder, mas agora o consumidor tem muito mais informações, e com isso ele consegue saber quem presta o melhor serviço”.

E em muitos casos, a instituição que presta o melhor serviço não é um dos bancos tradicionais, mas uma empresa bem menor e mais nova. O Nubank, por exemplo, oferece aos seus clientes um cartão de crédito sem qualquer tarifa.

Todo o cadastro é feito pela internet, por meio do smartphone do usuário: ele usa a câmera frontal para tirar uma foto de seu rosto, e assina o contrato com o dedo sobre a tela. O Banco Original também oferece um serviço semelhante para a abertura de contas: todo o processo é online, e todos os serviços do banco (transferências, extratos e até mesmo depósitos) podem ser feitos pelo aplicativo de smartphone do banco.

Isso é possível graças a uma deliberação do Conselho Monetário Nacional, que autorizou que a abertura e fechamento de contas correntes pudessem ser feitos sem a necessidade da presença física do cliente na agência. Antes, essa presença era um requisito imprescindível. Mas essa deliberação foi parte de um programa do Banco Central para ampliar a oferta de serviços financeiros à população.

Trata-se de uma situação a que os bancos “tradicionais” ainda não se adaptaram. Mas, segundo Guerra, o Itaú já tem uma solução do tipo em fase de testes, e que deve ser lançada ainda neste ano. Roberto Zorron, gerente executivo do Banco do Brasil, informou que o banco também tem planos nesse sentido, embora não tenha informado uma data.

Novidades nos pagamentos

No setor de pagamentos, também há serviços semelhantes em ascenção – e eles nem são de empresas tão novas ou pequenas assim. Tanto a Apple quanto o Google e a Samsung já possuem sistemas de pagamento que usam os chips NFC de seus smartphones para que o prórpio dispositivo se torne uma espécie de cartão.

Como muitas pessoas já ficam com o celular na mão enquanto esperam para pagar, esses sistemas podem acabar facilitando a vida. Para incentivar seu uso, as empresa também podem oferecer programas de pontos ou bônus aos usuários que pagarem com esse recurso.

Mas, mais do que isso, eles permitem que as empresas ganhem parte do valor da transação. Esse modelo de negócio é semelhante à forma como as empresas que vendem as maquininhas de cartão de crédito e débito ganham parte do valor das vendas feitas usando essas máquinas.

Ainda assim, Fernando Chacon, presidente da Rede Pagamentos, diz que não se sente ameaçado por essa possibilidade. A Rede é uma empresa que fornece sistemas de pagamento (tais como as maquininhas de cartão) para lojistas, e segundo seu presidente, está desenvolvendo uma nova máquina que, além de aceitar cartões, também será capaz de oferecer essas formas de pagamento.

Chacon vê essa tendência de “virtualização” dos pagamentos como uma oportunidade. “A Rede quer cuidar de todo tipo de pagamento digital”, diz. Para ele, a queda no uso de dinheiro e a presença cada vez maior da Internet das Coisas na vida das pessoas devem trazer ainda mais oportunidades de negócios.

Outra vantagem da digitalização dos pagamentos é que eles geram dados que também podem ser analisados e estudados pelas lojas e empresas. Ao analisar, por exemplo, o perfil dos consumidores de um estabelecimento e a hora em que eles costumam comprar mais, a Rede pode oferecer estratégias interessantes para que seus clientes consigam vender ainda mais.

O presidente da Rede ainda enxerga, para o futuro, mais uma oportunidade interessante: disponibilizar as APIs (interfaces de programação) de suas principais tecnologias, permitindo que desenvolvedores externos criem novos serviços para elas.

De serviços para plataformas

Com a abertura das APIs para outros desenvolvedores, Chacon vê uma tendência na qual os serviços de pagamento deixarão de ser apenas um serviço, mas se tornarão uma plataforma de prestação de serviços, para as quais qualuqer um pode contribuir e da qual todos podem se beneficiar.

No sistema bancário, por outro lado, o mesmo processo deve acontecer. É essa a opinião de Sajal Mukherjee, líder de transformação bancária global da IBM. A “plataforma”, em sua definição, é uma estrutura que suporta a criação de múltiplos serviços, produtos ou tecnologias. O Facebook, a Uber e o Airbnb são exemplos de plataformas, já que, neles, diversas pessoas podem oferecer e consumir serviços.

O essencial dessas plataformas é que elas não têm um ponto central: elas são resultado de diversas parcerias, e Mukherjee acredita que, no futuro, haverá apenas algumas grandes plataformas, ou “supermercados financeiros digitais”, que serão o resultado de parcerias entre bancos, fintechs e desenvolvedores externos. Um dos nomes que se dá a esse processo, segundo o executivo da IBM, é “unbundling of banks” – o “desmonte dos bancos”.

Reprodução

Trata-se, segundo ele, de uma realidade que já está acontecendo. O Solaris Bank, na Alemanha, um banco relativamente novo, já pensa o seu sistema como uma plataforma. No Reino Unido, o Open Payments Ecossystem também busca fazer o mesmo, mas com pagamentos. Todo esse processo passa pela abertura das APIs dos bancos para desenvolvedores. Algo que o diretor executivo do Banco do Brasil Roberto Zorron afirmou que seu banco seria o primeiro a fazer por aqui.

Nesse novo cenário, os bancos, as fintechs e outros desenvolvedores terão um papel, se não igual, ao menos semelhante na criação de um ambiente em que todos possam criar e consumir valor. E, na opinião de Mukherjee, os bancos já sabem que esse futuro é inevitável e estão se esforçando para ter a melhor posição possível nele

Se você não pode vencê-los…

Segundo Guerra, o diretor executivo do Itaú Unibanco, as fintechs “nada mais são do que uma sala de aula”, já que, quando elas fazem sucesso, é porque elas conseguem atender bem a uma demanda dos clientes, e o banco precisa aprender com isso. No entanto, ele reconhece que “sim, algumas delas podem eventualmente ser uma ameaça, e vão ser concorrentes nossas como quaisquer outros”.

Uma forma de evitar essa última situação, no entanto, é “capturar” as fintechs antes de que elas surjam. A estratégia encontrada por várias instituições para por isso em prática foram as incubadoras ou aceleradoras de start-ups, uma tática que Mukherjee enxerga como sendo parte de uma tendência global.

O Itaú Unibanco tem uma aceleradora desse tipo. Chamada de Cubo, ela é um prédio de 6 andares localizado na Vila Olímpia, em São Paulo. Lá, 55 start-ups, selecionadas denter mais de 650,  trabalham para desenvolver ideias que, na visão do Itaú, podem ajudar o banco a atender melhor seus clientes.

Segundo Érica Janinni, Superintendente de Gestão de TI do Itaú Unibanco, a ideia do espaço é ser uma “plataforma de empreendedorismo” e “trazer o ecossistema [de start-ups] para um lugar só. “As start-ups ganham exposição, aprendizado com os mentores do banco, credibilidade no mercado e podem fazer networking por dividirem o mesmo espaço”, explica. O vídeo 360 graus abaixo mostra o espaço:

Para o banco, por outro lado, também se trata de um arranjo positivo. Isso porque a empresa tem contato com as novas tecnologias, a inovação e a agilidade do trabalho das start-ups, e o que Érica chama de uma “cultura de escassez” que norteia a forma como empresas pequenas e novas trabalham. 

Mas mesmo empresas de outros ramos estão adotando essa estratégia. A seguradora Porto Seguro, por exemplo, também possui uma aceleradora desse tipo, chamada de “Oxigênio”. Ela tem parcerias com a Plug’n’Play, uma aceleradora semelhante do Vale do Silício, e com a Microsoft, Google, Amazon e IBM, que fornecem infraestrutura de rede e software.

De acordo com Ítalo Flammia, o diretor da Oxigênio, mais de mil start-ups se inscreveram para o primeiro ciclo de residência, mas apenas 5 foram escolhidas. Cada uma delas recebeu da Porto Seguro US$ 50 mil em dinheiro, mais outros US$ 100 mil em investimentos. Em troca, elas deram à Porto Seguro uma participação de 10% em seus negócios.

Embora Flammio ressalte que a aceleradora não tem o objetivo de dar lucro, ela foi criada para permitir que a Porto Seguro tenha contato com novas soluções e “invista em empresas com um potencial exponencial de crescimento”.

Belos frutos

O Bradesco também possui uma estratégia semelhante de atração de start-ups, achama de InovaBRA. Foi dela que saiu, por exemplo, a Quero Quitar. Trata-se de uma plataforma de negociação de dívidas. O usuário endividado pode se cadastrar nela, informar suas dívidas e ter acesso a uma série de oportunidades de quitá-las. Bancos e outras instituições, do outro lado, podem avaliar as propostas feitas pelos usuários e aceitá-las.

Para Natália Alexandria, que trabalha na área comercial da start-up, o arranjo é vantajoso tanto para os usuários quanto para os bancos. “Os usuários não ficam coagidos com as ligações das centrais de cobrança, por exemplo, e os bancos também ganham porque conseguem ter acesso aos dados dos clientes”, explica.

Quando a negociação de uma dívida tem sucesso, a Quero Quitar ganha uma percentagem do valor negociado como “taxa de sucesso”, e é daí que vem a sua receita. E como a empresa só tem custos com infraestrutura e tecnologia, ela é bem mais rentável que um centro de cobranças. Por esse motivod, Alexandria não ve a empresa como uma concorrente dos bancos – o Bradesco, aliás, é um de seus maiores clientes.

Bernardo Faria, vice-presidente da Foxbit, também não vê uma situação de rivalidade entre sua empresa e os bancos. A Foxbit é uma corretora de compra e venda de bitcoins. Por meio da plataforma, o usuário consegue comprar e vender rapidamente essa moeda, o que tem uma série de utilidades, particularmente para algumas compras e remessas internacionais.

Por tratar-se de uma moeda descentralizada, as bitcoins não são sujeitas a taxas de transferência bancária, o que faz com que seja muito mais barato transferir um bitcoin para outro país do que transferir o equivalente a esse valor em moeda local. Além diss, segundo Faria, o esquema não esbarra em qualquer problema de regulamentação.

Faria acredita, no entanto, que os bancos não têm motivos para ver na Foxbit uma concorrente, já que ela oferece um serviço que nenhum banco oferece atualmente. Por esse mesmo motivo, ele acha bastante improvável que algum banco venha a se interessar por investir na Foxbit ou mesmo abordá-lo para uma aquisição.

Meso com todas essas mudanças, no entanto, Ricardo Guerra não acredita que as agências físicas deixarão de existir. “É interessante que você tenha serviços digitais de pagamento, mas você também tem aquele cliente que quer ser atendido na agência, e para ele a agência precisa estar lá”, diz.

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