O Google, a Microsoft e a Yahoo acataram uma decisão do governo da Índia que lhes obriga a ocultar propagandas de exames pré-natais de gênero. Exames desse tipo permitem que os pais saibam de antemão se o bebê será menino ou menina, e são proibidos na Índia desde 1994, de acordo com a BBC.

A Índia é um dos países do mundo com maior desequilíbrio entre o número de homens e mulheres. Segundo um censo de 2011, o país tem uma taxa de cerca de 914 mulheres para cada 1000 homens. Em 1961, essa taxa era de 976 mulheres para cada 1000 homens.

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O motivo disso é o aborto seletivo de bebês mulheres. Isso porque, no país, filhos homens costumam ser preferidos, pela família, já que dão continuidade ao nome da família e têm maior possibilidade de se inserir no mercado de trabalho, segundo a Al Jazeera.

Para evitar essa situação, o governo indiano proibiu em 1994 a realização de exames pré-natais que determinassem o gênero de bebês. No entanto, segundo um levantamento da ONU de 2015, mesmo essa medida surtiu pouco efeito contra o femicídio no país. Mesmo com a medida, filhos homens ainda são privilegiados com relação a acesso a educação e saúde pública.

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Mãos sujas

Como as grandes empresas de tecnologia continuavam a mostrar propagandas de clínicas, ferramentas e kits de determinação do gênero de bebês, elas acabavam contribuindo para essa situação. Por esse motivo, em julho, a Suprema Corte da Índia pediu ao Google, à Microsodt e à Yahoo que ocultassem anúncios desse tipo, para impedir um “mal social”, nas palavras do ministro da Justiça do país, Dipak Misra.

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Inicialmente, contudo, as empresas alegaram dificuldades técnicas. Segundo elas, esse bloqueio teria que ser feito por meio de palavras-chave, e poderia acabar ocultando também estudos e notícias referentes a esse assunto. Misra, por sua vez, não se convenceu com o argumento: “vocês não podem dizer que não têm o equipamento técnico. Se é isso que vocês alegam, então saiam do mercado”, disse.

Sabu George, uma médica descrita pela BBC como a “principal ativista contra o feticídio feminino na Índia”, foi uma das principais responsáveis por levar esse assunto à Suprema Corte. Além de bloquear os anúncios, o Google também desativará a função de auto-completar para buscas relacionadas ao assunto, e mostrará aos usuários que realizarem essas buscas um aviso informando que testes pré-natais de gênero são ilegais na Índia.

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