A estudante de engenharia da computação Marina Malone, de 19 anos, exibiu na Mozfest 2016 um projeto que ajuda a entender como a abertura e a descentralização podem ajudar a melhorar a internet. A aluna, de 19 anos, criou um esquema de “jardins conectados”, feitos com papel, canetasa hidrográficas e massa de modelar, para ilustrar as vantagens desse modelo.

Jardins fechados: a internet como é agora

Imagine um jardim com muros em volta. Você pode plantar suas sementes nele, mas a terra não é sua. Por esse motivo, você não tem muito controle sobre os frutos sua plantação. Você também não tem como saber quem passou pelas suas plantas, e o que eles fizeram com elas. Há, além disso, limites para o que você pode fazer com o cultivo que você gera nele.

Esse modelo, segundo Malone, ilustra como a internet funciona atualmente. Ela é dividida em uma série de “jardins com muros” gigantescos, como o Facebook, o Google e o Twitter. Essas plataformas pedem aos usuários que lhes forneçam seus dados pessoais em troca da possibilidade de utilizá-las como redes sociais.

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O problema, como o modelo explica, é que os usuários não têm controle – e muitas vezes sequer têm consciência – do que é feito com esses dados. Além de armazená-los, as empresas podem usá-los para finalidades além das que os usuários inicialmente tinham para eles. Imagens postadas no Instagram, por exemplo, podem acabar aparecendo em um comercial, sem mesmo que o usuário que postou a imagem seja consultado.

Uma alternativa: jardins conectados

Como alternativa para esse modelo, Malone propõe um ambiente de jardins conectados: vários pequenos espaços, feitos pelos usuários, que se conectam a outros jardins como (e se) seus criadores quiserem. Com isso, os usuários têm total controle sobre suas plantações (seus dados) e sabem exatamente quem está acessando-os, e quando.

Nesse esquema, é possível criar uma variedade muito maior de “jardins”. Imagine, por exemplo, se cada pessoa tivesse a opção de modificar totalmente o próprio perfil do Facebook para que ele virasse uma página totalmente única, e não dependente do Facebook: é esse o alcance das possibilidades da internet conectada.

Também é importante notar, também, que esse modelo é mais seguro. Como cada indivíduo tem total controle de quais informações pessoais compartilha, e com quem as compartilha, o acesso a esses dados é mais seguro. E se um dos jardins misteriosamente sumir do mapa, isso não afeta os demais; se o Facebook sair do ar, por outro lado, todos seus usuários serão igualmente prejudicados.

Por outro lado, esse modelo exige mais trabalho de cada um dos usuários para ser implementado. Malone, contudo, acredita que isso seja algo positivo: “para que esse modelo funcione, é necessário que cada um esteja disposto a cultivar seu próprio jardim, e se capacite para fazer isso. Com isso, as pessoas se tornam mais empoderadas”, conclui.