Depois de se envolver em um escândalo graças a alegações de machismo feitas por ex-funcionárias, a Uber diz estar se esforçando para melhorar seu ambiente de trabalho. Mas, ao que parece, a empresa ainda tem um longo caminho pela frente. Uma engenheira de tecnologia que foi abordada pela empresa para uma vaga de trabalho na semana passada teve mais uma experiência negativa quanto à postura da empresa nesse caso.

Kamilah Taylor, uma desenvolvedora sênior de outra empresa do Vale do Silício, foi abordada por uma gerente de tecnologia da empresa para uma vaga de desenvolvimento para o aplicativo. No entanto, ela se mostrou desinteressada na vaga: “À luz do machismo e das práticas de negócio questionáveis da Uber, eu não tenho interesse em me unir [à empresa]”, respondeu.

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A gerente, no entanto, teve algo a dizer sobre a resposta de Taylor: “Entendo sua preocupação. Só quero dizer que machismo é [um problema] sistêmico na área de tecnologia e em outras áreas. Conheci aqui algumas das pessoas mais inspiradoras”, respondeu. A conversa, que Kamilah postou no Twitter, pode ser lida abaixo (em inglês):

“É esse o seu nível?”

Em entrevista ao Guardian, Taylor disse que ficou “realmente chocada” com a resposta da gerente. “Dizer ‘há muito machismo na área de tecnologia’: você não gostaria de ser melhor do que isso? É esse o seu nível?”, comentou a desenvolvedora. Ela também não quis dizer quem foi a gerente que a abordou, porque não queria associar esse comportamento a um indivíduo, mas a um “padrão das pessoas na Uber… não levando essa situação a sério”.

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Numa declaração enviada ao site, a Uber disse o seguinte: “Estamos investigando, mas essa mensagem não foi sancionada pelo departamento de recrutamento da Uber”. A empresa também disse estar se esforçando para melhorar seus processos de recrutamento “garantindo que temos quadros diversos de entrevistadores treinados”.

Segue o problema

Mesmo com as alegações da Uber, o problema sistêmico que as ex-funcionárias da empresa revelaram parecem persistir: o presidente da empresa pediu demissão recentemente e, segundo a Bloomberg, os investidores da Uber estavam interessados em três candidatos para o cargo, sendo que todos eram homens brancos. A empresa, no entanto, disse estar considerando também mulheres e pessoas de outras etnias.

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Diferentemente de muitas empresas da área de tecnologia, a Uber não divulga dados demográficos quanto a sua força de trabalho. No entanto, após o escândalo que as revelações de suas ex-funcionárias provocou, a empresa alegou que 15% de seus funcionários são mulheres – uma porcentagem que, segundo o fundador da empresa, Travis Kalanick, não mudou muito ao longo dos anos.