Onde andam os ciberpunks?

O ciberpunk age no ambiente virtual assim como o insurrecto contra as ordens do capitão de um navio.
Redação12/06/2017 18h19, atualizada em 30/07/2025 15h45
20170410111137
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma complexidade impensável. Linhas de luz alinhadas no não-espaço 
da  mente,  aglomerados  e constelações  de  dados.
 Como  luzes  da  cidade  se  afastando…”

Neuromancer – William Gibson (Escritor norte-americano, 1948-)

Não é tarefa fácil definir o que é ciberpunk. Um sub-gênero literário, um futuro distópico onde a tecnologia é onipresente? Se dissecarmos a própria palavra, observamos que ela é formada pelo prefixo “ciber”, o mesmo de  “ciberespaço”, os ambientes virtuais onde estamos cada vez mais imersos: games, realidades virtuais 3D, mídias sociais. Esta é a arena onde ocorre o conflito, os eventos. William Gibson, autor do livro de ficção científica “Neuromancer”, considerado um dos pilares do movimento ciberpunk, inaugurou a estética e estruturas narrativas onde de um lado megacorporações tecnológicas dominam a sociedade  enquanto de outro, gangues e hackers lutam por liberdade, num ambiente marginal, entre vícios e implantes de próteses artificiais. Assim, faz todo sentido o “punk” da palavra, como pessoa que não aceita regras e autoridade estabelecidas.  O ciberpunk age no ambiente virtual assim como o insurrecto contra as ordens do capitão de um navio.

Se prestarmos atenção ao nosso redor, vamos notar que já vivemos alguns dos cenários previstos por Gibson, Bruce Sterling,  Philip K. Dick e Masamune Shirow: Primeiro, a tecnologia é cada vez mais intrusiva em nossas vidas, por conta do uso de smartphones e dos sistemas de vigilância onipresentes. Segundo, a influência crescente de ações que ocorrem dentro do virtual, em especial nas mídias sociais, em nosso cotidiano, na política, nas relações pessoais e no trabalho. Terceiro, a tecnologia fez nascer 5 megacorporações: Apple, Facebook, Alphabet, Amazon e Microsoft, que juntas valem US$ 2,9 trilhões de dólares e somaram uma  receita de US$ 555 bilhões de dólares em 2016.  Finalmente, estamos próximos de algum tipo de conexão direta entre nossos neurônios e redes neurais artificiais, para download e upload de informação, conhecimento e memórias.

“Eu acho que a infoesfera – a esfera da informação – vai impor-se à geosfera. Nós vamos viver em um mundo reduzido. A capacidade de interatividade vai reduzir o mundo, o espaço real para quase nada. Portanto, no futuro próximo, as pessoas terão a sensação de estarem encerradas em um ambiente pequeno e confinado.”  Paul Virillio, filósofo e teórico cultural francês.

Para Virillio, o ciberespaço não é o que parece, o espaço das dimensões infinitas, ao contrário é uma ilusão, algo irreal e extremamente sedutor que avança sobre nossa realidade. Onde andam os ciberpunks? Espero que conectados, buscando um meio de nos dizer que não estamos no controle. Acorde Neo!

Hashtags 
#ciberpunk #ciberespaço #tecnologia #virtual #infoesfera #Neuromancer

Follow @rdmurer

Redator(a)

Redação é redator(a) no Olhar Digital