Dentre os planos da Nasa para manter a Terra segura contra os impactos de asteroides e outros objetos espaciais, um dos mais estranhos será testado em breve. A agência espacial estadunidense anunciou recentemente que enviará um satélite para se chocar contra um asteroide e desviar seu percurso, como parte de um teste para avaliar a eficiência dessa estratégia.

A missão recebeu o nome de Dart, que significa “Double Asteroid Redirection Plan” (algo como “plano de redirecionamento de asteroide duplo”). “Duplo” porque o alvo dessa vez é o asteróide Didymos. Seu nome vem da palavra grega que significa “gêmeos”, porque ele na verdade tem duas partes: uma rocha maior, de cerca de 780 metros de diâmetro (Didymos A), e outra menor, de uns 160 metros de diâmetro, chamada Didymos B.

O satélite será enviado para o espaço e então terá como alvo o Didymos B, a rocha menor. Isso porque, como ela está orbitando a rocha maior, os cientistas conseguirão estudar melhor os efeitos do choque analisando as alterações que o impacto causa à órbita da rocha. “Isso torna mais fácil ver os resultados do impacto, e garante que o impacto não altere a órbita dos dois em torno do sol”, disse o cientista da Nasa Tom Statler, que faz parte da missão. Uma simulação do impacto pode ser vista abaixo:

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Teste

Quando o satélite se chocar contra Didymos B, ele estará se movendo a cerca de seis quilômetros por segundo – aproximadamente nove vezes a velocidade de uma bala. Os cientistas da Nasa poderão ver o impacto a partir de observatórios na Terra e, com isso, entender melhor as capacidades de impactos cinéticos desse tipo como estratégia para desviar o curso de outros asteroides.

Entender essa capacidade é mais complicado do que parece, segundo um dos líderes do projeto, Andy Cheng: “Como nós não sabemos muito sobre suas estruturas internas ou composições [dos asteroides], precisamos realizar esse teste em um asteroide de verdade”. Assim, caso eventualmente desviar o trajeto de um objeto espacial se torne uma questão de vida ou morte, a Nasa saberá como fazê-lo da melhor maneira possível.

Chuva de asteroides

Segundo a Nasa, asteroides pequenos atingem a Terra quase diariamente. Mas quase todos são destruídos na atmosfera do nosso planeta por causa do atrito contra os gases de lá. Poucos deles sequer chegam à superfície do planeta, e menos ainda são capazes de causar algum estrago. A Nasa foca nos asteroides com mais de um quilômetro de diâmetro, e já conhece a posição de 93% dos que podem ameaçar o planeta.

Mesmo assim, o momento em que a Terra precisará se defender de uma ameaça como a que aniquilou os dinossauros ainda não está no futuro próximo. O choque do satélite contra Didymos B só está previsto para acontecer em 2024, segundo o Gizmodo. Um eventual plano de defesa contra asteroides, portanto, só acontecerá de fato depois disso.