Promotores públicos da Coreia do Sul estão exigindo uma sentença de 12 anos de cadeia para Lee Jae-yong, o atual diretor da Samsung. O executivo é acusado de suborno, perjúrio e desvio de dinheiro por supostamente oferecer mais de US$ 38 milhões (mais de R$ 118 milhões) em troca de favores políticos.

Os valores teriam sido oferecidos a Choi Soon-sil, uma amiga próxima e conselheira da ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye. Segundo o Guardian, o executivo da Samsung repassaria esses valores a quatro instituições de caridades controladas por Choi, que, em troca, favoreceria a Samsung em seus aconselhamentos com a ex-presidente. Desde que o escândalo foi revelado, a presidente foi impedida de governar.

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Toma lá, dá cá

Embora o presidente da Samsung seja o pai de Lee, é ele quem está no comando da empresa, na prática, desde que seu pai teve um ataque cardíaco, em 2014. Durante seu julgamento, que Lee considerou “injusto”, ele disse que nunca havia solicitado quaisquer favores políticos, mas que entendia que, quanto mais a Samsung cresceu, “maiores e mais rígidas se tornaram as expectativas da sociedade”.

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A Samsung não negou ter doado dinheiro às instituições dirigidas por Choi. No entanto, a empresa alega que foi coagida a fazê-lo pela ex-presidente do país. A promotoria ainda acusa outros executivos da Samsung de mentir em seus testemunhos com a finalidade de proteger o diretor do conglomerado. Caso seja condenado, Lee estará sujeito à maior pena de cadeia já imposta a um executivo na Coreia do Sul.

Fora isso, Lee também estaria envolvido num caso específico de solicitação de favores políticos. Ele teria dado pessoalmente a Choi uma soma de milhões de euros para financiar o treinamento equestre de sua filha. Em troca, Choi teria falado em favor da Samsung à ex-presidente quanto à fusão de duas empresas afiliadas da Samsung em 2015. A fusão foi um negócio de mais de US$ 8 bilhões (R$ 25 bilhões) e deu a Lee controle total sobre o conglomerado.

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Economia em risco

Trata-se de um caso particularmente difícil, porque a receita da Samsung representa aproximadamente 20% (ou um quinto) do PIB da Coreia do Sul. Qualquer situação que afete de maneira significativa as contas da empresa pode acabar se refletindo em toda a economia do país.

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Fora isso, é também um dos primeiros casos de troca de favores entre políticos e empresários que é investigado até as últimas consequências. Na Coreia do Sul, conglomerados gigantescos como a Samsung, a LG e a Hyundai (que recebem o nome de “chaebols”) têm uma influência grande nas decisões do governo, e a legalidade dessa influência raras vezes é colocada em questão.