Embora seja lógico imaginar que serviços como o Uber e a 99 levem as pessoas a comprar menos carros, ainda há relativamente poucos estudos rigorosos sobre o assunto. No entanto, uma pesquisa feita pelo University of Michigan Transportation Research Institute confirmou que é exatamente isso que acontece. 

A pesquisa foi feita em Austin, nos Estados Unidos. A cidade é um caso particularmente interessante para estudos desse tipo, porque ela proibiu serviços como o Uber e o Lyft (seu concorrente nos EUA) entre maio de 2016 e maio de 2017, segundo o Engadget. Por esse motivo, ela permite entender precisamente como a ausência desses apps muda o comportamento dos cidadãos.

Mais de 1.200 pessoas da cidade foram entrevistadas pelo levantamento. No total, 41% delas disseram que voltaram a usar seu próprio carro para fazer as viagens que antes faziam pelos aplicativos. 42%, o maior grupo, passaram a usar outros aplicativos semelhantes que ainda operavam na cidade para isso. Apenas 9% compraram um carro depois da proibição dos apps, e 3% passaram a usar o transporte público da cidade. 

Mudança de comportamento

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Segundo o Phys.org, a proibição dos serviços também fez com que as pessoas se deslocassem menos de maneira geral. A frequência de viagens que as pessoas faziam com os apps caiu de 5,6, em média, para 2, o que representa uma queda de 68%. 

Foi possível perceber também algumas correlações que mostravam quais pessoas estavam mais propensas a comprar um carro com a suspensão dos serviços. As pessoas que citaram maior nível de inconveniência causada pela proibição tinham mais probabilidade de adquirir um veículo próprio para substituir os apps.

Curiosamente, pessoas com rendas mais altas tinham menor probabilidade de comprar um carro depois da proibição. No entanto, os pesquisadores especulam que isso é porque as pessoas de renda mais alta já possuíam carros antes mesmo de os serviços começarem a operar, e simplesmente voltaram a usá-lo. 

De acordo com o The Verge, esses resultados vão ao encontro das opiniões que Uber e Lyft têm de seus próprios serviços. Representantes das duas empresas já declararam, em ocasiões separadas, que acreditam que no futuro ninguém vai ter um carro próprio – as pessoas simplesmente terão acesso a um serviço que as leve aonde quiserem ir.