Nos últimos anos, leitores de impressões digitais têm se tornado cada vez mais comuns em smartphones. Trata-se de um recurso simples, intuitivo e seguro para desbloquear o smartphone sem ter que decorar padrões de desenhos, senhas, números ou qualquer outra perda de tempo. É só tocar e começar a usar.

Mas, com o iPhone X, novo top de linha da Apple anunciado nesta terça-feira, 12, após quatro anos, o Touch ID, leitor de digitais proprietário da Maçã, virou coisa do passado. O novo smartphone da empresa de Cupertino trouxe consigo um novo sistema de desbloqueio por biometria chamado Face ID, que libera o acesso ao celular através de um scanner facial.

A mudança veio para acompanhar o novo design do aparelho, que elimina o botão Home – local onde ficava o leitor de impressões digitais – em favor de uma tela que cobre quase toda a parte frontal. Durante alguns meses, a conversa nos bastidores da indústria era de que a Apple queria colocar o leitor de impressões digitais sob a própria tela OLED do seu novo celular. Mas, ao que tudo indica, o plano não deu certo.

Colocar o leitor de impressões digitais em outros cantos do aparelho também foi descartado. A Apple até poderia colocar o Touch ID na parte traseira do celular, como fez a Samsung com o S8, ou no botão de liga-desliga, como faz a Sony em sua linha Xperia. Mas qualquer mudança do tipo poderia forçar a Apple a redesenhar as entranhas do iPhone, o que atrasaria a montagem do aparelho e, consequentemente, o início das vendas.

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A solução foi jogar fora o Touch ID e abraçar o Face ID. Mas se engana quem pensa que essa tecnologia de scanner facial é ultrapassada. Como explicou a Apple no evento de lançamento do iPhone X, o seu novo sensor biométrico lê uma modelagem tridimensional do rosto do usuário, e não uma imagem bidimensional como outros scanners faciais de smartphones fizeram no passado.

A “mágica” se deve ao conjunto de sensores frontais que a Apple chama de “TrueDepth”, localizado no topo do display de 5,8 polegadas. O módulo inclui uma câmera infravermelha, uma espécie de flash LED e um projetor de pontos invisíveis. Esse projetor mapeia o rosto do usuário com 30 mil pequenos pontos que só o iPhone X consegue enxergar.

Além de tudo isso, há um novo “motor neural” dentro do celular, um processador de inteligência artificial criado pela Apple para identificar os detalhes no rosto do usuário. Todo esse processamento é feito localmente, sem precisar de internet ou conexão celular, o que ajuda o smartphone a identificar seu rosto mesmo após anos de mudanças físicas, diferentes iluminações e acessórios faciais, como óculos, chapéus, brincos e piercings.

A Apple também garante que o seu Face ID não pode ser enganado com uma simples foto do usuário. Isso porque o sensor não se contenta em visualizar apenas um rosto semelhante ao do dono do celular, mas analisa também as três dimensões da imagem: largura, altura e, principalmente, profundidade. Algo que uma simples foto não é capaz de reproduzir.

De acordo com a Apple, as chances de o finado Touch ID ser enganado por uma outra pessoa com o padrão de impressão digital parecido o bastante com o seu é de uma em 30 mil. Com o Face ID, as chances são de uma em 1 milhão. A não ser que você tenha um irmão gêmeo, que, em tese, tem mais chances de desbloquear seu iPhone X sem dificuldades.

Por enquanto, porém, é cedo para dizer se o Face ID substitui com competência o leitor de impressões digitais tradicional. Afinal, uma coisa é o que vemos na propaganda da Apple e outra coisa é o uso prático, diário, em condições não controladas. Mas até que o novo iPhone chegue às mãos dos seus primeiros usuários, o que nos resta é a palavra da Apple de que este é o futuro da segurança biométrica.