O Google liberou nesta quarta-feira, 7, a primeira versão do Android P. Ela ainda é altamente experimental e indicada apenas para desenvolvedores, mas já dá o primeiro gostinho das novidades que vêm por aí e que devem ser aprimoradas ao longo dos próximos meses.

Vamos à lista de mudanças do novo Android:

Um novo painel de notificações

O Google parece insatisfeito com a forma como as notificações são exibidas no Android, tanto que ano após ano a empresa tem reformulado essa área do sistema. O Android P não é diferente, embora talvez tenha recebido uma das maiores alterações até hoje.

publicidade

As mudanças são notáveis. As imagens mostram que muitos indicadores da parte superior da tela foram removidos, incluindo também o horário, data e o indicador de sinal da sua operadora, com os ícones de configurações rápidas agora posicionados dentro de um círculo cuja cor muda se o item estiver ativo ou desligado. O efeito de transparência da “cortina” do Android foi removido para dar lugar a elementos brancos e sólidos.

Reprodução

A notificação de aplicativos de mensagens foi reformulada e agora mostra todo o contexto da conversa, e não apenas as últimas mensagens não lidas, exibindo até mesmo a foto da pessoa com quem se está conversando. Além disso, a imagem mostra a capacidade de usar inteligência artificial para propor respostas curtas e automáticas como faz o recém-lançado aplicativo Reply do Google. Resta saber se a função será incorporada ao sistema operacional ou funcionará de forma “improvisada” como o app, que lê notificações e as substitui para transmitir as mensagens automáticas.

Suporte ao entalhe do iPhone X

Infelizmente, a Apple dita tendências no mercado até mesmo quando tem más ideias. Com o iPhone X, a empresa introduziu o entalhe na tela (aquela “franjinha” no topo do display), que prontamente foi copiada por inúmeras fabricantes Android. Isso fez com que o Google tivesse que adaptar o sistema operacional para atender a essa nova demanda das fabricantes que fazem parte do seu ecossistema.

Reprodução

Até agora, fabricantes que apostassem nesse formato de tela precisavam fazer todo tipo de gambiarra de software para adaptar a barra superior, responsável por mostrar ícones de notificações. Com o suporte nativo, é possível até mesmo para desenvolvedores emularem o entalhe no topo do display virtualmente e permitir que jogos e vídeos, chamados de “conteúdo imersivo” pelo Google por preencherem todo o painel, possam preencher aquele espaço ao redor da franjinha.

Foco em novas versões do Android

Todo mundo sabe que as atualizações do Android são um problema, e os desenvolvedores de aplicativos também. Por esse motivo, é comum que apps sejam atualizados na Play Store mirando uma versão antiga do sistema operacional, que é onde está a maior parte dos usuários.

A partir de setembro de 2018, todos os aplicativos atualizados por meio do Google Play deverão ter como foco a API de nível 26, referente ao Android Oreo, que hoje tem cerca de 1% da base de usuários do Android. Com a mudança, só há duas opções: adaptar-se a versões mais recentes, ou abandonar o app.

O site Ars Technica explica que cada nova versão do Android vem com um novo framework, que traz novas medidas de segurança, recursos e restrições sobre o que um app pode ou não fazer. Com a mudança, desenvolvedores não poderão mais ignorar essas novidades e precisarão focar o desenvolvimento para novas versões.

Vale ressaltar que isso não tem nada a ver com a retrocompatibilidade de aplicativos. Apps adaptados para essa mudança continuarão funcionando normalmente nas versões antigas do Android.

Outras mudanças

Além das grandes alterações, há uma série de novidades menores:

  • Ampliação de suporte de mídia: o Android P agora tem suporte a imagens no formato HEIF (Formato de Imagem de Alta Eficiência), que já vive como um substituto do tradicional e obsoleto formato JPG, existente há mais de 20 anos, nos dispositivos iOS e Mac OS. Com Apple e Google agora no vagão do HEIF, a tendência é que o formato, que promete o dobro de qualidade de imagem com o mesmo tamanho de um JPG, tenha maior adoção. Além disso, o Android P trouxe suporte ao codec HDR VP9 Profile 2, que facilita a reprodução de conteúdo HDR.
  • Melhor suporte a câmeras múltiplas: Cada vez mais celulares saem de fábrica com configurações de câmera dupla, então o Android P agora traz um suporte melhor a essa opção. O Google explica que se você rodar o Android P em um celular com câmera dupla, será possível “alternar automaticamente entre duas ou mais câmeras”, o que abre espaço para “criar recursos inovadores que não são possíveis com uma câmera simples”. Isso também amplia a capacidade do ARCore, a nova plataforma de realidade aumentada do Google, que pode usar a configuração de dois sensores para enxergar em três dimensões, aprimorando o recurso.
  • Não se perca dentro do shopping: Com o Android P, o sistema ganha suporte ao Wi-Fi Round-Trip-Time (RTT), que nada mais é do que um recurso que permite você se localizar dentro de algum estabelecimento fechado, já que o GPS não é capaz de orientá-lo dentro de uma estação de metrô ou de um shopping, por exemplo. Para isso, o Android permitirá o cálculo da posição do usuário com uma precisão de 1 ou 2 metros, desde que haja ao menos três pontos de acesso Wi-Fi estejam por perto para fazer a triangulação.
  • Mais desempenho: O Google vem atualizando o ART (sigla para Android Runtime), o motor que faz os aplicativos do Android funcionarem, anualmente desde a versão 5.0, e neste ano não será diferente. Segundo a empresa, com a atualização, o Google espera menor consumo de memória e mais velocidade para abrir aplicativos.
  • Economia de bateria: Sem grandes detalhes, o Google destacou melhorias nos recursos voltados a economizar energia, como o Doze, o App Standby e as restrições a apps em segundo plano para melhorar o consumo de bateria.
  • Privacidade: Até hoje, o Android permitia que aplicativos rodando em segundo plano tivessem acesso a câmeras, sensores e microfones, o que é um prato cheio para a espionagem e invasão de privacidade. Qualquer app que queira fazer isso a partir de agora precisará alertar o usuário por meio de uma janela de notificação.
  • Melhorias no preenchimento automático de senhas: Gerenciadores de senhas que preenchem os campos de autenticação existem há um bom tempo no Android, e com o Android Oreo, o Google finalmente criou uma forma de integrá-los mais profundamente ao sistema. No entanto, os apps precisavam ser adaptados a API de Autofill, deixando de lado os recursos de acessibilidade. Com o Android P, o Google cria um meio termo, criando uma via para que aplicativos que ainda não estão otimizados para o Autofill possam utilizar os recursos de acessibilidade de uma forma mais oficial.
  • Criptografia de backup melhorada: Atualmente, o Google realize um backup criptografado do seu celular que é armazenado nos servidores da empresa para poder ser restaurado caso você venha a fazer um reset de fábrica no aparelho. A informação é protegida apenas pela senha do Google, mas a empresa promete que o Android P terá um novo desafio de autenticação local, utilizando a senha de proteção da sua tela de bloqueio. Assim, sem saber seu PIN, padrão ou senha, nem mesmo o Google será capaz de abrir o seu backup.