Quem tem um smartphone já deve ter sofrido com um aparelho sem carga bem na hora mais inoportuna — e, por consequência, ouvido muitas dicas para fazer a bateria durar mais. Mas entre tantas sugestões listadas por aí, quais realmente funcionam? O que realmente ajuda a estender a vida útil deste componente tão valioso? Fomos atrás de algumas recomendações comuns para descobrir se elas são verdadeiras ou não passam de história. Confira!

1. “Evite deixar a tela com brilho muito alto.”
Verdade. É uma das principais recomendações porque, dos componentes de um smartphone, a tela é o que mais consome bateria. Por isso, diminuir o brilho dela é também uma das soluções mais eficazes — e também mais simples — para aumentar a duração da carga. Dá para deixar o sistema fazer isso por você com o recurso de brilho automático ou regular manualmente no controle que normalmente aparece ao puxar a barra de notificações.

 

2. “Não deixe o celular descarregar completamente.”
Verdade. A dica vem da Battery University, portal educativo da Cadex, uma empresa especializada no assunto baterias. De acordo com um artigo da publicação, “uma descarga parcial reduz o estresse sofrido e prolonga a vida da bateria, da mesma forma que uma carga parcial”. Em testes de estresse dinâmicos conduzidos por eles, foi possível verificar que uma bateria de íon de lítio, como a usada em um smartphone, perde mais de sua capacidade no decorrer do tempo quando a carga vai constantemente de 100% a 25% — e o número é ainda pior se ela for zerada frequentemente. Vale a pena, então, evitar que a porcentagem fique muito baixa, recarregando o celular quando ela estiver ali pelos 40%.

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3. “Evite usar o carregamento rápido.”
Em termos — e pendendo mais para mito do que para verdade. Por isso, merece uma explicação um pouco mais detalhada. Vamos recorrer novamente ao Battery University. Segundo o mesmo artigo mencionado acima, expor uma bateria de íon de lítio como a de um smartphone a altas temperaturas (acima de 30 graus) e voltagens (acima de 4,1V por célula) por um tempo prolongado pode ser, sim, prejudicial. A própria Apple concorda. “Evite expor seu aparelho a temperaturas acima de 35 ºC”, recomenda a empresa em seu site. “Isso pode causar danos permanentes à capacidade da bateria e ela não carregará o dispositivo o suficiente.” Ainda assim, a temperatura vai ser problema basicamente dos 50% de carga em diante. É como se “motoristas raivosos estivessem brigando pela última vaga em um shopping durante uma liquidação”, explica o artigo da Battery University.

Por isso, as próprias fabricantes alegam que, ainda que os celulares fiquem mais quentes, o calor gerado não chega a representar um risco, porqque a temperatura sobe, mas não por muito tempo. Basta notar como os carregadores turbo (aqueles que não são de procedência duvidosa, claro) desaceleram a velocidade de recarga sozinhos quando passam dos 50%, usando uma técnica chamada de “step charging” (aplicada, inclusive, em notebooks). Falando especificamente de marcas, Sony e LG usam um sistema chamado Qnovo em alguns smartphones para manter a bateria saudável mesmo com carregamento rápido, enquanto a Samsung tem os carregadores com recarga rápida adaptativa.

4. “Use um plano de fundo preto para economizar bateria.”
Em termos também. Nesse caso, quem explica é Renato Citrini, gerente sênior de marketing de produtos da Samsung Brasil. Segundo ele, ao menos em telas OLED — usadas em vários smartphones da marca e também em alguns da LG e no iPhone X, cada um com sua particularidade —, “se o plano de fundo por realmente preto, você vai notar sim uma economia de bateria, mas nada que faça realmente muita diferença”. Isso acontece porque, em displays com essa tecnologia, cada pixel se ilumina automaticamente e se desliga para reproduzir o preto, o que ajuda a poupar a carga, mesmo que só um pouco. Essa mesma vantagem econômica, no entanto, não vale para uma tela LED, que se acende por inteira, independente da cor ou do conteúdo exibidos.

5. “Diminua a resolução da tela para fazer a carga durar mais.”
Verdade. Também segundo Citrini, isso faz com que a tela trabalhe para acender menos pontos. “E menos pontos para acender significa menos informação para reproduzir.” Em alguns smartphones com Android, como modelos da própria empresa sul-coreana, é possível mudar a resolução nas próprias configurações. Em outros, como os da Motorola, um pouco mais de esforço vai ser necessário, já que será preciso ativar as opções de desenvolvedor e a depuração USB e também usar o Android Debug Bridge (ADB) no computador para alterar algumas linhas de código.

6. “Ative o modo avião para poupar.”
Verdademas o efeito não é tão absurdo assim. Se nenhum aplicativo estiver usando o 4G, o Bluetooth ou o GPS ativamente, não faz muito mal para a bateria deixar essas funçõe ativas. Mas como isso praticamente nunca é o caso — tem sempre alguém no segundo plano usando a localização —, desligar todas as conexões pode garantir um alento, mesmo que não muito grande, para a vida útil da bateria. Quando você estiver viajando, por exemplo, dá até para assistir um pouco mais de uma série na Netflix antes que o smartphone desligue sozinho, ao menos segundo um teste da Macworld.

7. “Evite deixar o celular a noite inteira na tomada.”
Verdade 
— mas o efeito só é sentido depois de um bom tempo, de acordo com fontes consultadas em reportagem da Time. O motivo tem tudo a ver com os ciclos de carga, o principal indicativo de idade da bateria: quando ela atinge um determinado número de ciclos, sua capacidade de armazenamento cai (dá para checar algo próximo disso em apps como o AccuBattery, para Android, do print acima). Assim, ok, os smartphones são espertos o suficiente para interromper a carga quando chegam aos 100%. No entanto, os carregadores voltam a ser ativados quando a bateria cai para 99% e o processo se repete de novo e de novo enquanto você dorme — e com o tempo, lá se vão os ciclos de carga. Ainda asim, não chega a ser um problema se a pessoa pretende ficar com o celular por dois anos e trocá-lo por um novo. Nesses casos, o desgaste não vai ser muito maior do que o normal.

8. “Feche os aplicativos em segundo plano.”
Mito — com algumas raras exceções. Os aplicativos em segundo plano ficam armazenados na memória RAM do telefone, e encerrá-los pode até soar vantajoso. Mas o vice-presidente de plataformas e ecossistemas do Google, Hiroshi Lockheimer, disse certa vez que, na verdade, isso pode até tornar as coisas piores. Isso porque, quando você for precisar novamente do app, o sistema vai ter que carregá-lo inteiro novamente, consumindo mais recursos se acontecer de forma recorrente. O melhor mesmo a se fazer, segundo o engenheiro do Google, é deixar que o Android resolva as coisas sozinho: o sistema foi feito para gerenciar os aplicativos em segundo plano, encerrando gradativamente aqueles que não são usados. As exceções são, claro, os aplicativos que não estão respondendo ou usando bateria demais de fora fora do comum.