Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos, revelaram na última semana a criação de um sistema de inteligência artificial que não roda em um computador ou um servidor tradicional, mas numa molécula de DNA sintético.

A inteligência artificial em questão é um simples algoritmo que processa informações em uma rede neural. Seu objetivo é interpretar um número apresentado a ela e identificar se trata-se de um algarismo feito a mão ou se não.

O uso de DNA como hardware não chega a ser novidade. As bases nitrogenadas que constituem a molécula – adenina (A), timina (T), citosina (C) e guanina (G) – podem servir não só para “programar” seres vivos, mas também como uma alternativa orgânica aos chips de silício.

Moléculas de DNA já foram usadas em diversas pesquisas como “pen drives”, por exemplo, e até como base para redes neurais. Em vez de processar dados e gerar um resultado na tela de um PC, o DNA faz tudo isso na forma de reações químicas em tubos de ensaio.

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Os autores do estudo (descoberto pelo Motherboard) fizeram 20 cadeias de DNA sintético, cada uma com uma sequência específica das bases A, T, C e G e que representam um pixel numa grade de 10 por 10 pixels. Sendo assim, cada conjunto de DNAs representa um número feito a mão.

O DNA que continha a inteligência artificial tinha que identificar se, num tubo de ensaio, as moléculas concentradas formam um número feito a mão quando traduzidas para uma grade de 100-bit. Para mostrar se é ou não, o DNA foi programado para gerar uma reação química específica.

A primeira versão do experimento foi feito em 2011 por um cientista do Caltech chamado Lulu Qian, e consistia numa IA capaz de diferenciar entre um 6 e um 7. Já o estudo publicado na última semana, liderado por um de seus alunos, Kevin Cherry, consegue diferenciar entre qualquer dígito de 1 a 9.

O estudo, segundo Cherry, ainda está em estágios iniciais e tem muito o que melhorar. Mas, no futuro, ele imagina que sistemas de inteligência artificial à base de DNA podem ser usados para realizar diagnósticos de pacientes com altos níveis de colesterol ou glicose no sangue, por exemplo.