O Observatório de Rádio e Astronomia da África do Sul (Sarao, na sigla em inglês) inaugurou neste fim de semana o MeerKAT, um radiotelescópio de 64 antenas que capturou uma imagem inédita do centro da nossa galáxia, a Via Láctea.
A imagem mostra os chamados “filamentos” de diferentes partículas que existem ao redor do buraco negro supermassivo no centro da galáxia. Cientistas estudam essas estruturas há anos, mas ninguém sabe exatamente a sua origem.
Para formar a imagem completa em alta resolução, cada uma das 64 antenas do MeerKAT captura ondas de rádio de fontes cósmicas, como o centro da galáxia, no caso. Os dados são digitalizados e processados numa central que une as imagens geradas por cada antena.
O centro da Via Láctea fica a 25 mil anos-luz da Terra e, por ser coberto por nuvens de gás e poeira, é invisível a telescópios ópticos. Radiotelescópios como MeerKAT, porém, conseguem enxergar a região, porque as ondas de rádio atravessam as nuvens.
Segundo Farhad Yusef-Zadeh, pesquisador da Universidade Northwestern e membro da equipe que trabalha no MeerKAT, a imagem dá mais informações sobre os misteriosos filamentos do centro da galáxia descobertos na década de 1980.
“A imagem do MeerKAT tem muita clareza”, diz o cientista. “Ela mostra tantos detalhes nunca antes vistos, incluindo fontes compactas associadas a alguns dos filamentos, que pode fornecer a chave para quebrar o código e resolver esse enigma de três décadas.”
O MeerKAT é apenas uma instalação do Square Kilometer Array (SKA), uma rede gigantesca de antenas em construção na África do Sul que promete formar o maior telescópio do mundo em 2020, superando o Very Large Array (VLA), que fica nos EUA.
Quando ficar pronto, o SKA vai reunir informações de 2.000 antenas espalhadas pela região de Karoo, na África do Sul, e em Murchison Shire, na Austrália, para formar imagens ainda mais nítidas que esta foto do centro da galáxia.
Esta post foi modificado pela última vez em 16 de julho de 2018 15:04