A popularidade dos apps de transporte não deu aos usuários apenas mais opções de preços – as histórias de golpes e casos de violência nos apps como 99, Cabify e Uber também aumentaram. Os temas vão de valores cobrados a mais e de falsos motoristas até tentativas de sequestro, assaltos e crimes ainda mais graves, como os estupros relatados nesta semana, em Fortaleza.

Evitar que esses problemas aconteçam não é exatamente uma tarefa fácil. Mas as companhias têm alguma noção dos riscos. Tanto é que, além dos canais de suporte, usam tecnologias para tentar garantir a segurança de passageiros e motoristas nas viagens – o sistema de reconhecimento facial que a 99 deve implementar em sua plataforma é só um exemplo.

Falamos com porta-vozes da Uber, do Cabify e também da 99 para entender melhor o que cada uma faz para tentar evitar golpes e proteger seus usuários. Confira a seguir.

O que faz a 99?

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Além dos casos de estupro relatados pelo jornal O Povo, de Fortaleza, que levaram a 99 a suspender os cadastros de motoristas, a empresa também lida com outros problemas menores. Em Belo Horizonte, por exemplo, uma reportagem do Estado de Minas revelou que os donos dos carros começaram a enganar os passageiros, iniciando corridas antes mesmo de buscá-los. Sem poder cancelar, os usuários acabavam cobrados a mais.

Nesses casos, como outros aplicativos, a 99 oferece aos clientes um canal de atendimento onde é possível denunciar a prática e pedir o ressarcimento. Foi dessa forma que a companhia conseguiu identificar algumas das cobranças irregulares, banindo motoristas da plataforma.

Mas nas situações mais graves, como nos crimes ocorridos nesta semana, simplesmente relatar no 0800-888-8999 não resolve: é preciso prevenir. Em comunicado, a empresa diz que tem uma “equipe especialmente dedicada” à segurança, formada por 30 pessoas, “incluindo ex-militares, engenheiros de dados e até psicólogos”. A empresa também diz analisar os perfis dos motoristas – algo que será refeito em Fortaleza – e mapear áreas de risco usando dados internos e externos, avisando os usuários sobre zonas mais perigosas.

Além da tecnologia de reconhecimento facial para identificar os motoristas, a 99 afirma contar com uma inteligência artificial “que monitora o perfil das corridas em tempo real”. “O sistema identifica situações de risco e bloqueia o acesso à plataforma, prevendo incidentes antes que aconteçam”, diz a empresa. Fora isso, há um recurso de compartilhamento de rotas, que usuários podem usar para mostrar a amigos ou familiares aonde e por onde estão indo. Em casos de acidentes ou problemas mais graves, as corridas são seguradas no valor de R$ 100 mil.

O que faz a Uber?

A Uber é outra a ter o nome associado recorrentemente a casos de cobranças indevidas. Recentemente, nos EUA, motoristas começaram a aplicar o “golpe do vômito” para cobrar de passageiros uma “taxa de limpeza” que podia chegar a 150 dólares. Fraudes do tipo costumam ser identificadas e resolvidas pelo sistema de ajuda e contestação do próprio app, mas o processo pode demorar algum tempo.

Os reembolsos costumam ser mais rápidos nas cobranças indevidas por cancelamento, que acontecem quando um motorista tenta “forçar” o usuário a cancelar a corrida. A Uber diz que tem equipes e tecnologias próprias que “constantemente analisam viagens suspeitas para identificar violações aos termos”, como é o caso. Um parceiro da empresa que é denunciado muitas vezes acaba banido da plataforma, sem poder voltar a dirigir pelo serviço – até porque a Uber também diz sempre verificar antecedentes e bases de dados públicos de cada um.

Fora isso, ainda do lado do motorista, o aplicativo tem um sistema de verificação de identidade em tempo real. A função solicita uma selfie ocasionalmente para se certificar que quem está dirigindo o carro é realmente o usuário cadastrado. Se não for, o serviço não funcionará.

Do lado do passageiro, a Uber também permite aos clientes compartilharem as rotas com outras pessoas, para garantir que alguém saiba onde estão e se a viagem está correndo bem. Além disso, a empresa sempre recomenda que os clientes realizem viagens apenas por meio do app. O app inclusive detecta a posição e alerta os usuários quando chegam em um aeroporto, como Guarulhos, em que há muitos motoristas tentando se passar por Uber.

A Uber também trabalha em conjunto com autoridades em casos mais graves, e inclusive lançou uma cartilha nesta quarta-feira “para orientar autoridades policiais sobre a forma mais efetiva de solicitar o compartilhamento de dados da plataforma”. A ideia, como ressalta a empresa, “é acelerar ao máximo a cooperação nas investigações” em eventuais ocorrências policiais.

O que faz a Cabify?

A Cabify também diz seguir “processos rigorosos” para cadastrar os motoristas, solicitando documentos, exames e antecedentes antes de registrar alguém para dirigir. A empresa também afirma oferecer treinamentos a esses usuários, a fim de dar dicas para melhorar o atendimento e até mesmo resolver questões técnicas da plataforma.

A mesma recomendação da Uber de sempre usar o app para fazer uma viagem também é dada pela companhia. “Assim, é possível registrar informações de todas as etapas de uma viagem”, explica a Cabify – o que ajuda a resolver eventuais problemas. Os trajetos são acompanhados por GPS, como acontece nos outros dois apps, e o passageiro pode compartilhar a rota.

Em uma possível ocorrência, o aplicativo ainda orienta passageiros e motoristas a entrarem em contato com a empresa e, claro, autoridades competentes. Para contatar a companhia, toque na opção “Ajuda” dentro do app e depois em “Quero entrar em contato com a Cabify”. Segundo a Cabify, os contatos “podem ser priorizados pela central de atendimento” de acordo com a situação. O app também se coloca à disposição das autoridades quando necessário.