Já imaginou ter uma foto sua estampada em publicidades do mundo todo sem seu conhecimento? A sul-africana Shubnum Khan passou por isso. A moça assinou o contrato de termos de uso de imagem sem ler e autorizou a divulgação de sua foto para conteúdo comercial. Isso ocorreu durante um ensaio fotográfico gratuito que participou em sua faculdade. A imagem virou parte de um banco de ilustrações e ficou disponível para propagandas de empresas públicas e privadas em todo o mundo, sendo reproduzida em diversos países com diferentes fins.

Parece bastante absurdo não ler os termos de um contrato, mas o fato é que isso é mais usual do que imaginamos, especialmente quando se trata de compartilhar informações no ambiente online. Afinal, quem nunca clicou em “concordo com os termos de uso e política de privacidade” sem sequer ter aberto a página que contém as informações?

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Por mais inofensivo que pareça ter uma conta em uma rede social, a verdade é que elas podem coletar todo o tipo de informação de nossas rotinas. Serviços como o Google, que incluem You Tube, Waze, Google Maps e Gmail, não escondem que coletam informações sobre apps, navegadores e dispositivos utilizados, além de termos pesquisados, vídeos assistidos, atividades de compra, localização, pessoas com quem o usuário se comunica e conteúdo compartilhado.

No caso do Facebook e do Instagram, por exemplo, a política de uso dos dois serviços prevê a coleta de informações como tipo de conteúdo visualizado ou com o qual o usuário se envolve; os recursos, ações, pessoas ou contas com as quais interage, além do tempo, frequência e duração das atividades nestas redes ou em outros produtos relacionados.

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Muitos usuários podem se assustar ao descobrir a quantidade de dados reunidos por esses serviços e, mais ainda, que tudo é feito de acordo com o regulamento de uso. Por isso é tão importante ler e ter ciência das informações compartilhadas. Inclusive, é lendo os termos de utilização que o usuário entenderá para o que é usado cada um de seus dados. Por exemplo, o Facebook recolhe algumas informações de páginas curtidas pelo usuário para mostrar aos seus amigos alguns conteúdos patrocinados, nos quais mostra acima do post que os amigos “x, y e z curtiram aquela página”.

Apesar das melhorias de personalização dos serviços, o compartilhamento destes dados pode causar problemas caso caia na mão de pessoas mal-intencionadas. Um episódio bastante emblemático ocorreu com a consultoria Cambridge Analityca durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos.A empresa comprou dados de um teste de personalidade, realizado por uma universidade britânica e divulgado no Facebook, reunindo informações de 270 mil usuários e seus contatos para criar uma base que somava 50 milhões de pessoas. A partir das informações coletadas, a empresa pode entender o perfil do público que queria atingir com sua campanha. O caso polêmico abriu espaço para a discussão do quão importante é estar ciente dos regulamentos de cada rede social ou site que participa, lendo seus termos e aplicando configurações de privacidade que protejam suas informações.

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As redes sociais e outros serviços deixam claro em seus termos que, quando o usuário seleciona um público específico para o compartilhamento de conteúdo ou informação, essa escolha será respeitada. Portanto, ao entrar nas configurações do aplicativo e restringir suas preferências de privacidade, isso protegerá a maior parte de suas informações pessoais.

Recentemente, o Facebook e o Instagram atualizaram seus termos, incluindo inclusive uma cláusula que restringe o acesso dos aplicativos de terceiros em casos que você não os utilize por mais de três meses. Além disso, restringiu os dados que estes serviços podem solicitar sem autorização prévia da rede social, para nome, biografia, foto de perfil e endereço de e-mail.

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Ainda assim, para evitar surpresas desconfortáveis, o cuidado é sempre fundamental. Os usuários precisam ter conhecimento dos termos e condições que irão aceitar ao usar qualquer aplicativo ou enviar informações pessoais em uma rede social e, sempre que possível, manter seus perfis com status “privado”, para que assim não compartilhem informações desnecessárias.

A ideia não é se tornar paranoico, mas simplesmente entender o que acontece com sua informação pessoal, pois, da mesma forma que damos atenção redobrada a um contrato de prestação de serviços, de trabalho ou na compra de um bem, devemos dar atenção igual à leitura dos contratos que assinamos com serviços online, impedindo assim que nossas informações pessoais mais importantes caiam em mãos erradas.