Após pouco mais de seis anos de sua entrada no país pela primeira vez, a chinesa Huawei, que é a segunda maior fabricantes de smartphone do mundo, retorna ao Brasil com uma nova aposta: os celulares considerados Premium. A empresa já tentou ganhar o mercado em 2013 importando aparelhos de entrada e intermediários, porém, perdeu espaço por conta da alta do dólar e da falta de conhecimento dos consumidores.

O retorno acontece em maio e a empresa, em um primeiro momento, vai importar seus aparelhos. Contudo, a ideia é que, até o final de 2019, possa fabricar os aparelhos em território nacional. Sua nova estratégia é focada em trazer o que há de melhor no conceito de smartphones para o mercado local. A Huawei já surpreendeu durante a Mobile World Congress (MWC), quando anunciou seu aparelho dobrável e com 5G, o Mate X.

A entrada da fabricante chinesa no mercado brasileiro é uma das grandes apostas para aumentar sua participação no mercado global em 2019. No ano de 2014, 5,5% do mercado de venda de smartphones pertencia a Huawei; em 2018, esse número cresceu para 13%, segundo dados da consultoria Gartner.

Dificuldades que a Huawei pode encontrar no Brasil

Ao investir nos aparelhos com acabamento Premium, a chinesa pretende conseguir margem de lucros para, no futuro, trazer aparelhos intermediários e de entrada para o consumidor brasileiros. Contudo, os problemas a serem enfrentados pela Huawei para se estabelecer no país são grandes. Talvez o maior deles esteja na estratégia de como fazer a marca ser conhecida, já que, segundo pesquisa realizada pela consultaria IDC Brasil, menos de 1% dos consumidores conhece a marca.

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Apoio das operadoras brasileiras a empresa já tem, pois fornece infraestrutura de tecnologia de rede móvel há, pelo menos, duas décadas. Porém, ganhar espaço em um mercado no qual Samsung e Motorola são extremamente populares, pode levar mais tempo do que os executivos da Huawei  imaginam, mas a ideia de investir em aparelhos Premium parece acertada.

Renato Meirelles, analista do IDC, define a estratégia da empresa como acertada, já que hoje, o consumidor não está mais comprando seu primeiro aparelho, mas sim, trocando por um modelo mais caro. Para ele, o “mercado precisa de novos competidores, mas quem quiser entrar precisará de marca forte e boas especificações”, isso parece ser exatamente o que a Huawei está buscando no Brasil.

Fonte: Estadão

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A novela Huawei

Se desta vez sair do papel, esta será a segunda passagem da Huawei pelo mercado de celulares do Brasil. A empresa chegou por aqui em 2002 e, desde então, mantém presença constante no país atuando no setor de infraestrutura em telecomunicações. O primeiro smartphone Android que a empresa lançou por aqui foi o Ascend G510, que era fabricado no Brasil e saiu em agosto de 2013.

O mercado brasileiro não recebeu bem a marca, que saiu de cena apenas um ano depois, com o lançamento do Ascend P7. Nesse meio tempo, a empresa também lançou o primeiro aparelho com a marca Honor no país, uma linha um pouco mais acessível, vendido exclusivamente pela internet.

Em junho de 2018, um porta-voz da empresa confirmou ao Olhar Digital que a Huawei voltaria a comercializar smartphones aqui a partir do começo do segundo semestre do ano passado. Mas, desta vez, a empresa tentaria uma bordagem diferente: uma parceria de distribuição com a brasileira Positivo.

A ideia original era de que a Positivo venderia os smartphones da Huawei no Brasil aproveitando sua estrutura de logística já bem estabelecida no país, assim como a empresa já faz com outras marcas, como Quantum e Vaio. A princípio, os aparelhos seriam importados, mas se fizessem sucesso, a fabricação passaria a ser feita aqui mesmo.

Um dos primeiros lançamentos da parceria chegou a ser confirmado: o P20 Pro, celular de câmera tripla que durante meses foi líder do ranking das melhores câmeras de celular do mundo do site DxOMark. Em agosto, dois smartphones da Huawei foram homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Primeiro foi o Nova 3i, um intermediário que não havia sido citado anteriormente, e depois foi o já aguardado P20 Pro, homologado com suporte a até dois chips de operadora.

Mas o lançamento não aconteceu. Em novembro, o Olhar Digital entrou em contato com a Positivo para saber se a parceria ainda estava de pé. A empresa pediu que nós procurássemos a assessoria de imprensa da Huawei “para mais detalhes”. Procurada, a assessoria da Huawei respondeu à nossa solicitação dizendo apenas que “não havia novidades” para compartilhar no momento.

Em dezembro, o jornal Valor Econômico revelou que o acordo entre Huawei e Positivo havia sido desfeito. A ideia agora é que a Huawei venda por conta própria seus smartphones, com direito a fabricação local. Só agora a empresa confirmou o fim da parceria e o plano de voltar ao mercado mobile por conta própria.