* De Munique, na Alemanha

Eventos em estádios de futebol — concertos, jogos e outros — são sempre bastante movimentados: o público vai e vem do estádio das mais diferentes formas. Então, carros, ônibus, motos, bicicletas e patinetes dividem espaço com pedestres nos arredores do campo.

Isso não é assim apenas no Brasil. Países como Inglaterra, França e Alemanha, por exemplo, têm campeonatos muito populares e partidas extremamente concorridas. Isso sem contar os outros inúmeros eventos que acontecem nesses locais. Então, pensar na logística urbana para esses momentos é essencial.

Para isso, são necessários dados sobre esses cenários. Hoje em dia, essas informações estão em toda parte, vindas dos mais diferente dispositivos. Por que não, então, reuni-las em um só lugar de forma a obter as respostas que se quer? É isso que faz o MindSphere, da Siemens. Ele é uma plataforma para internet das coisas (IoT) hospedada na nuvem. Em outras palavras, trata-se de um sistema que coleta dados e os analisa para permitir a otimização de atividades.

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Em Munique, na Alemanha, estão em estudo soluções que usam o MindSphere para tornar o transporte público mais eficiente quando há atividades no Allianz Arena. “As informações sobre o deslocamento dos torcedores até o estádio podem ajudar a otimizar esse processo”, conta José Borges Frias Júnior, diretor de Estratégia e Business Excellence da Siemens.

Até mesmo dentro do estádio, na locomoção entre o assento e o estacionamento ou a estação de metrô Fröttmaning, é possível direcionar os visitantes de forma mais adequada. “Em um dia de casa lotada, pode-se levar de 1h30 a 2h apenas para percorrer essa distância — então, saber quanto tempo será necessário pode ser muito útil”, avalia Hans-Jörg Hellwig, gerente de estratégia para o MindSphere na Siemens.

Tecnologia nos cuidados com o gramado

Um estádio do porte do Allianz Arena precisa manter sua grama sempre em excelentes condições. E lá isso é um trabalho difícil, especialmente pela posição geográfica em que a cidade de Munique se encontra: localizada no sudeste da Alemanha, ela está a apenas 1h30 dos Alpes e tem dias frios e encobertos em boa parte do ano.

Manter o gramado aquecido e com iluminação adequada para que a vegetação faça fotossíntese é uma das ações que ajudam a garantir a saúde da grama. Isso é feito com o auxílio de um solário com iluminação artificial aplicada diretamente à vegetação para garantir que ela atinja 15°C de temperatura. Para que a grama esteja adequada para as partidas, é preciso que ele seja ativado 18 dias antes dos jogos.

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Paralelamente, usam-se 27km de sistemas de aquecimento sob as raízes para que a grama cresça de modo saudável. Bernhard, o guia de visitantes do estádio que acompanhou a reportagem do Olhar Digital, explica que essa rede fica de 20 a 25cm abaixo do gramado e leva três dias para aquecer toda a área do campo. “Para que não haja variações bruscas no inverno, o aquecimento é ligado em outubro e mantido em funcionamento contínuo até abril”, conta.

Mais uma vez, o MindSphere entra em ação: uma aplicação com base nessa plataforma, o GreenKeeper, foi desenvolvida pela Siemens para tornar o acompanhamento desse trabalho mais completo. “Seis conjuntos de sensores são espalhados pelo gramado para medir parâmetros internos e externos que possam afetar a vegetação e, assim, informar o responsável sobre quaisquer alterações”, explica Hellwig. “Eles enviam dados a cada cinco minutos para serem analisados pela solução.”

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O GreenKeeper está em testes há um ano e tem garantido maior eficiência no trato com a vegetação do gramado do Allianz Arena. E Hellwig lembra que ele pode ir muito além disso. “A partir dos dados obtidos, pode-se automatizar a iluminação, a irrigação e assim por diante”, diz. Quem diria que a prosaica grama de um estádio de futebol um dia seria monitorada de perto por um sistema tão sofisticado quanto esse, não é mesmo?

*A jornalista Roseli Andrion viajou a Munique a convite da Siemens.