No ano passado, os sistemas de inteligência artificial (IA) deram grandes passos em sua capacidade de produzir textos convincentes, de letras de música a contos. Especialistas alertam que essas ferramentas podem ser usadas para disseminar desinformação política, mas há outra meta potencialmente mais lucrativa: obstruir resultados de buscas do Google.

Agora, além de criar notícias falsas, a IA pode compor infinitos posts de blog, sites e spams de marketing. O conteúdo é barato para ser desenvolvido e recheado de palavras-chave relevantes, mas, como a maioria dos textos obtidos a partir dessa tecnologia, teria apenas significado superficial e com pouca fidelidade ao mundo real.

Um exemplo é esta postagem de um blog: “Quais filtros de fotos são melhores para o marketing do Instagram?”. À primeira vista, parece legítimo, já que tem uma introdução seguida por citações de vários tipos de marketing. Ao ler com um pouco mais de atenção, entretanto, é possível perceber que ele faz referência a revistas, pessoas e filtros do Instagram que não existem.

A história do SEO suporta a ideia de programar a IA para a produção de posts. Sempre foi um jogo de gato e rato, em que todos tentam os métodos mais variados possíveis para atrair o máximo de visualizações que conseguirem, enquanto portais como o Google separam o que é relevante ou não.

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Os spinners de artigos — ferramentas automatizadas que reescrevem o conteúdo existente — também começam a surgir mais e substituem palavras para impulsionar o conteúdo. O Google e outros mecanismos de busca respondem com novos filtros e métricas para eliminar esse material, mas a solução não é simples.

Mike Blumenthal, consultor e especialista em SEO, diz que essas ferramentas certamente atrairão spammers, especialmente por sua capacidade de produzir texto em grande escala. “O problema que o conteúdo escrito por IA apresenta, pelo menos para a pesquisa na web, é que esse é um jeito barato de produzi-lo”, afirma.

Outro ponto são as pesquisas na web: elas são feitas cada vez mais por meio de proxies como Siri e Alexa. Isso quer dizer que os moderadores de conteúdo, como o Google, só precisam compor “uma ou duas grandes respostas” em vez de dezenas de links relevantes.

Ainda é possível reconhecer e detectar o que é produzido pela IA, graças aos erros linguísticos e gramaticais. Contudo, a criação de texto artificial tem avançado em qualidade com extrema rapidez, e especialistas na área acham que isso pode levar a resultados incríveis.

Via: The Verge