A chegada do 5G em países como Canadá, EUA, Austrália e Coreia do Sul atiçou a curiosidade da comunidade global, principalmente daqueles que ainda tem um longo caminho a ser percorrido até o acesso ao 5G — como o Brasil. Pensando nisso, o Cnet realizou testes de velocidade das redes 5G disponíveis em 11 cidades ao redor do mundo e compartilhou os resultados conosco.

O 5G nunca foi tão comentado. Seja quando falamos de super velocidade para downloads, chamadas de vídeo em altíssima resolução, realidade aumentada, jogos na nuvem e em tempo real, fim da latência e etc. Em todas essas áreas, as redes de quinta geração são fundamentais. Contudo, segundo o Cnet, é possível afirmar que elas ainda são instáveis, o que compromete seu uso em todas as áreas citadas anteriormente. Para entendermos melhor, vamos aos testes. 

Em Chicago (EUA), a jornalista Jessica Dolcourt fez a primeira avaliação usando dois smartphones. Enquanto um baixava o jogo PUBG Mobile usando a rede 5G da Verizon, o outro cronometrava o processo. O resultado: 2 minutos e 30 segundos — contra os 6 minutos necessários no 4G. 

A conexão de quinta geração realmente alcança velocidades impressionantes e sua latência é quase zero. Porém, quando falamos em escala global, considerando o contexto no qual estamos inseridos, ele representa domínio político e o poder econômico. 

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As redes 5G estão surgindo como pontos turísticos em cidades e bairros. Vá ao lugar X, como o celular Y e tenha uma experiência incrível. Mas o que as empresas não contam é que basta posicionar-se no lugar errado, entrar em um prédio ou em um carro para que, provavelmente, sua conexão retorne ao 4G — ou ela pode cair sem motivo aparente. 

Colaboradores do CNET usaram sete redes, em 11 cidades, que vão de Los Angeles a Seul, com quatro smartphones de quatro fabricantes. Foram realizados dezenas de testes de velocidade no app de benchmarking Speedtest.net. Além disso, filmes e apps foram baixados no Google Play, Netflix e Amazon Prime. 

Um download de um filme de quase duas horas foi concluído em 8,2 segundos. Além disso, os jornalistas testemunharam velocidades quase 20 vezes maiores do que podemos ver no 4G — o pico das conexões de quinta geração atingiu 1,8 Gbps. Contudo, também viram o 5G parar, atrasar e recuar completamente enquanto técnicos sobrecarregados se esforçavam para manter essas redes emergentes funcionando.

O 5G já chegou e está na fase de enfrentar desafios práticos. Aquele futuro dos comerciais, em que essa conexão evoca mundos de realidade virtual diante dos nossos olhos e permite troca instantânea de dados que possibilitam procedimentos médicos remotos ainda parece estar distante. 

Nessas alturas do campeonato, qualquer operadora poderia ganhar a corrida do 5G estável, entretanto algumas estão em uma posição melhor do que outras.

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Primeiros vencedores e perdedores do 5G

Tudo pode mudar à medida que o desenvolvimento da quinta geração cresce, mas, nesses primeiros dias, alguns avançaram, enquanto outros ficaram para trás.

Coréia do Sul, vencedora: Embora a Verizon tenha ridicularizado a alegação da Coréia do Sul de ser a primeira do mundo a ter 5G com três operadoras oferecendo seus celulares mais rápidos a seis celebridades, o Ministério da Ciência e Tecnologia informou que 1 milhão de pessoas se inscreveram para 5G em apenas 69 dias — taxa maior e mais rápida do que no lançamento do 4G no país.

Samsung, vencedora: Falando da Coreia do Sul, a maior fabricante de celulares do mundo preencheu o mercado com seu telefone Galaxy S10 5G Premium, disponível em 14 redes em todo o mundo — o que incluindo as quatro principais operadoras dos Estados Unidos. Ele também é vendido na Samsung.com, em regiões que já possuem 5G ou que o terão em breve, e em vários varejistas. O smartphone é um dos primeiros e mais potentes a trabalhar com 5G.

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Qualcomm, vencedora: A maior fabricante mundial de chips para computadores tem falado em 5G há anos e, agora, parece ter uma posição dominante no mercado. Com exceção da Huawei, todo telefone 5G contém um chip da Qualcomm. Uma reunião de dezenas de executivos de operadoras, aparelhos e equipamentos em um evento da Qualcomm no Mobile World Congress mostrou o quão significante a empresa é para o setor de telefonia móvel.

Telstra, vencedora: a operadora australiana disponibiliza três telefones 5G (LG V50 ThinQ, Samsung Galaxy S10 5G e Oppo Reno 5G). Além disso, seu serviço cobre 10 grandes áreas: Adelaide, Perth, Sydney, Toowoomba, Launceston, Melbourne, Hobart, Gold Coast, Canberra e Brisbane. Isso é impressionante para um continente com uma área de quase 8 milhões de quilômetros quadrados.

Huawei, perdedora: Embora a Huawei seja a maior fabricante mundial de equipamentos para redes 5G, a ação dos EUA contra a empresa coloca em risco todo o seu negócio. 

Enquanto os EUA pressionam outros países a seguirem o exemplo, o fundador e CEO da Huawei, Ren Zhengfei, disse que não estava preocupado com os US $ 30 bilhões que a chinesa poderia perder como resultado do boicote norte-americano. Em vez disso, a empresa dobrou seu investimento em 5G — ainda que seu futuro seja incerto.

Apple, perdedora: o iPhone está ficando para trás. Ao contrário dos rivais, a Apple ainda não anunciou seus planos para o 5G. Imersa em uma batalha judicial com a Qualcomm, que durou até abril, a dona da maçã originalmente planejava usar componentes da Intel para levar o 5G ao iPhone. Entretanto, após acordo com a Qualcomm, a Intel desistiu imediatamente do mercado de 5G. Não há previsão de compatibilidade entre o iPhone e as redes de quinta geração até pelo menos 2020. Se a companhia de Tim Cook seguir seu calendário, tradicionalmente marcado pelo mês de setembro, ela ficará atrás da Samsung em um ano e meio.

Tecnologia confusa

Para funcionar, o 5G precisa de uma verdadeira orquestra complicada de torres, nós, feixes e dispositivos, todos usando ondas de rádio de uma só vez.

E a radiofrequência, também chamada espectro, que uma operadora usa faz diferença na experiência 5G que você recebe. Por exemplo, o Ultra Wideband, da Verizon, e o serviço 5G da AT & T Plus usam ondas milimétricas (mmWave). Elas operam com uma frequência extremamente alta, que dispara sinais poderosos a uma curta distância, mas não o fazem através de vidro ou edifícios. 

Por outro lado, outra faixa de espectro conhecida como “sub-6 GHz” ou apenas “sub-6” — as  chamadas frequências de banda média — garantem coberturas mais consistentes, mas suas velocidades não são tão altas. 

Sobre as velocidades

Foram feitos dezenas de testes de velocidade 5G em Chicago, Los Angeles, Dallas, Londres e Sydney usando o aplicativo de benchmarking Speedtest.net.

Se você está olhando apenas para velocidades máximas, em LA a AT & T alcançou o ápice: velocidades de download acima de 1,4 Gbps em 8 dos 12 testes. A Verizon veio logo atrás, com um pico de 1,3 Gbps e vários resultados acima de 1 Gbps em diversas áreas do centro de Chicago.

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A Sprint (Dallas), a Telstra (Sydney) e a EE (Londres e outras quatro cidades do Reino Unido) usam o espectro de banda média para atingir velocidades na faixa de 400 a 500 Mbps, que podem ser duas a quatro vezes mais rápidas do que o seu smartphone 4G e uma conexão Wi-Fi doméstica.

Os resultados são promissores, mas não podemos deixar de mencionar que ainda há poucos usuários reais do 5G. À medida que este contingente for aumentando, as frequências ficarão sobrecarregadas e poderão “entupir”. Como as operadoras resolverão essa questão ainda é uma incógnita. 

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A cobertura: um longo caminho a ser percorrido

A lição mais valiosa obtida nos experimentos do CNET é que uma cobertura confiável e consistente é mais importante que a “velocidade da luz” quando o objetivo é uma experiência satisfatória. 

EUA 5G: Das quatro principais operadoras dos Estados Unidos, a Sprint teve a cobertura mais consistente. Seu uso do espectro sub-6 permitiu testes de velocidade dentro de carros, algo que a mmWave, usada pela Verizon e AT & T não pode fazer. Tanto a Verizon quanto a AT & T ofereceram velocidades muito maiores — ainda que tenham um cunho, digamos, ilusório. A Verizon só lançou o serviço em duas cidades, mas planeja estar em 30 até o final de 2019. A rede mmWave da T-Mobile não correspondeu às expectativas em uma Manhattan congestionada, mas as velocidades de download foram altas. 

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O 5G da AT & T está em 19 cidades, mas só para clientes empresariais selecionados. Além do estúdio da Warner Bros., onde foi realizado o teste de velocidade, os jornalistas não souberam onde mais encontrar o serviço. 

Uma nota importante sobre a AT & T: seu serviço 5GE não é o 5G. Ele é uma forma de 4G LTE avançada, que qualquer outra operadora pode fornecer. O curioso foi que, em alguns casos, o 5G “falso” da AT & T era mais lento que redes 4G.

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Reino Unido 5G: Depois de testar 5G em cinco cidades (uma delas em dois dias separados) na rede da EE, a cobertura trouxe as maiores dores de cabeça. Embora as velocidades, de maneira geral, tenham superado os equivalentes 4G existentes, sua cobertura é inconsistente.

Austrália 5G: A questão é bem nítida na Austrália, onde os usuários já se perguntam se a implantação da conexão de quinta geração poderia substituir a banda larga doméstica. Embora a maior rede da Austrália, a Telstra, tenha atingido bons resultados relacionados à cobertura (10 cidades), os limites de dados apresentarão um grande problema, especialmente em cartões SIM e planos limitados.

Seul 5G: Testes de benchmarking no Speedtest.net foram executados usando um Galaxy S10 5G no centro de Seul, perto da prefeitura da capital sul-coreana. Os resultados na rede da SK Telecom foram três a quatro vezes mais rápidos que o 4G em termos de velocidade de download e até duas vezes a velocidade de upload. 

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O veredicto

Velocidade, rede responsiva e extensa cobertura compõem o Santo Graal do 5G e conquistá-lo não é nada fácil. 

Os dispositivos compatíveis com as redes de quinta geração estão chegando, mas seu custo é elevado. O Galaxy S10 Plus custa US $ 1.000 nos EUA, enquanto o S10 5G chega a US $ 1.300, comprando na Verizon. 

Levará anos até que o 5G substitua totalmente o 4G. Ainda que o usuário passe a tomar gosto pela alta velocidade, ele se frustrará em áreas com cobertura lenta, quando estiver em áreas rurais ou em países onde a implementação do serviço ainda está tomando forma, como o Brasil. 

No exterior, o 5G já nasceu. Agora, ele terá de crescer.