Antes popular, o aplicativo FaceApp passou a ser encarado como potencialmente perigoso. Depois de especialistas em privacidade de dados se mostrarem preocupados com a quantidade de informações pessoais às quais a plataforma tem acesso, o Comitê Nacional Democrata (DNC, na sigla em inglês) advertiu nesta quarta-feira (17) os possíveis candidatos a presidente contra o uso do app e pediu que membros de suas equipes “excluam o aplicativo imediatamente”.

A fama do FaceApp viu o seu auge nos últimos dias com um filtro que envelhece o rosto das pessoas. O efeito viralizou e as mídias sociais ficaram repletas de fotos de usuários, incluindo celebridades internacionais, mostrando como eles seriam no futuro.

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Mas, devido às brechas sobre o uso de dados da política de privacidade do aplicativo, membros do DNC pediram que candidatos, equipe da campanha eleitoral para 2020 e todas as “pessoas no ecossistema Democrata” não usem o FaceApp.

O aplicativo foi lançado em 2017 pela empresa russa Wireless Lab e se baseia em algoritmos de inteligência artificial para analisar rostos e os transformar de várias maneiras: rejuvenescer, envelhecer, trocar o gênero e a cor dos olhos, por exemplo. Nesses dois anos o FaceApp alterou as fotos de mais de 80 milhões de usuários. O recurso é muito parecido com os efeitos do Instagram e Snapchat.

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O Partido Democrata já foi alvo de hackers russos durante as eleições de 2016 e investiu muito em medidas de segurança cibernética para evitar um ataque similar. Por isso, o DNC se preocupa com outros possíveis ataques originados na Rússia.

“Essa novidade não está isenta de riscos: o FaceApp foi desenvolvido por russos”, escreveu o chefe de segurança do DNC, Bob Lord, em um alerta para as campanhas divulgado pela CNN. “Não está claro neste momento quais são os riscos de privacidade, mas o que está claro é que se você já usou o aplicativo, recomendamos que o exclua imediatamente”, enfatizou o alerta de Lord.

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No entanto, a Wireless Lab se defende dizendo que seu aplicativo envia as fotos das pessoas para servidores na nuvem da Amazon e do Google, e não para servidores na Rússia. Além disso, alega que só recebe as fotos que o usuário ativamente escolhe enviar.

Com base na política de privacidade do app, a Wireless Lab tem a autorização para coletar as mídias carregadas na plataforma, além de dados do histórico de buscas do navegador e outras informações pessoais do usuário.

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Ao concordar com a política de privacidade do aplicativo, os usuários concedem à empresa uma “licença perpétua, irrevogável e mundial” para usar as fotos, nome, aparência ou qualquer informação fornecida. O texto diz ainda que, mesmo se o conteudo for excluído do aplicativo, o Wireless Lab ainda poderá usá-lo e o mantê-lo armazenado em seus servidores.

O fundador e diretor-executivo do FaceApp Yaroslav Goncharov disse que, apesar de a equipe de pesquisa e desenvolvimento do FaceApp estar sediada na Rússia, nenhum dado do usuário é transferido para o país. Ele informou também que a maioria das imagens é excluída dos servidores da empresa em 48 horas. Porém, os termos de serviço dizem que essas informações podem ser compartilhadas com qualquer país em que a empresa mantenha instalações – o que inclui a Rússia.

Além disso, os termos de serviço do FaceApp informam que a empresa tem a autorização de compartilhar informações com uma agência do governo se for emitida uma intimação, ordem judicial ou mandado de busca. Outras companhias e anunciantes terceirizados – os quais não são informados no texto – também estão na lista de possíveis destino dos dados.

Por fim, o texto diz que, ao concordar com os termos, o usuário “consente com o processamento, transferência e armazenamento de informações sobre você nos Estados Unidos e em outros países, onde você pode não ter os mesmos direitos e proteções que os definidos pelas leis locais”.

Via: The Washington Post