É a hora de Glow, a série sobre as lutadoras que alcançam inesperado sucesso na Los Angeles dos anos 1980. Ela chega à terceira temporada, entre mortos e feridos, e se confirma como um ótimo veículo para o talento de Alison Brie, atriz que também dirige um episódio, o sétimo, intitulado “Voltando para Hollywood”, um dos melhores episódios, por sinal. 

Quando ela está em cena, o interesse aumenta. Quando não está, ou não é central para os acontecimentos, a série é apenas razoável, na melhor das hipóteses, atingindo momentos que beiram o constrangedor, como no último episódio da segunda temporada. 

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Tal temporada, aliás, é ambígua. Se por um lado, o episódio 8 é um primor de comédia, graças a essa atriz engraçadíssima, à exacerbada vampirização dos anos 80 e à metalinguagem do episódio dentro de um episódio, a temporada em si é mais fraca que a primeira, pelo número de altos e principalmente de baixos que se sucedem.

Na terceira temporada o desafio é o mesmo de tantas outras séries: prolongar o que parece não dar mais caldo (um problema que vimos recentemente em Stranger Things). O contrato com a KDTV acabou de modo ruim, mas elas conseguem um espetáculo em Las Vegas. Isso foi costurado no final da segunda temporada e agora se realiza. Quer dizer, até certo ponto.

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No primeiro episódio, Debbie e Ruth, ou melhor, suas personagens Liberty Belle (a imagem da bandeira americana) e Zoya the Destroyer (uma vilã russa no auge da Guerra Fria), dão entrevista na TV. Zoya começa a zombar da Challenger, até que a nave explode no ar (em ambos os sentidos), como de fato aconteceu. Estamos em 1986, e se há uma virtude nessas séries de época é a de saber explorar acontecimentos reais dentro de suas ficções.

Os episódios passam, cresce a tensão sexual entre Sam, o produtor, e Ruth, a estrela, as cenas de sexo e nudez continuam a mil (é preciso algum realismo, afinal, eram os eighties e num universo do showbiz), e sobretudo Alison Brie continua dando à sua personagem uma riqueza que parece não estar no texto.

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Uma coisa que continua em relação à segunda temporada é a frequência dos altos e baixos, mais incidente que na primeira. Se na Temporada 2 o melhor episódio era o oitavo, nesta os concorrentes de maior peso são o já comentado sétimo, dirigido por Brie, e o quinto, no qual todas as lutadoras trocam de papel por causa de um problema na coluna de uma delas, e com isso promovem cenas de comédia que empolgam a plateia. 

Talvez essa tensão crescente entre Sam e Ruth, assim como o roteiro escrito pela filha de Sam, sejam o real gancho para que Glow fase 3 seja ligeiramente melhor à fase 2, talvez alcançando o nível da fase 1. A amarração faz com que tudo se ajeite com mais facilidade, o que favorece os pontos em que as arestas ficam mais evidentes. Elas simplesmente não incomodam tanto.