O uso da tecnologia para ajudar na preservação de animais que correm risco de extinção evoluiu com o passar dos anos. Para a identificação desses animais, métodos de implantação de colares, grampos e pequenos cortes são utilizados. Mas para alguns, como é o caso do morcego orelha-de-funil (Natalus Primus), seu tamanho e fragilidade dificulta o uso desses procedimentos.

Ao pensar nisso, uma equipe de cientistas cubanos teve a ideia de utilizar esmaltes para conseguir identificar os animais da espécie rara que já haviam sido capturados. Esse processo foi necessário para estabelecer que há menos de 750 espécimens do morcego orelha-de-funil dentro da Cueva de La Barca (caverna dos barcos), um enorme sistema de cavernas subterrâneas localizadas em Cuba, na Isla de la Juventud – e que é considerado o último habitat conhecido dessa espécie de morcego.

Zoological Society of London

“Estamos tentando calcular a densidade dos morcegos e, para isso, precisamos capturá-los, marcá-los de alguma forma e depois liberá-los”, diz José Manuel De La Cruz Mora, especialista em morcegos do Museu de História Natural da cidade de Pinar del Rio e pesquisador da Zoological Society of London. 

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No processo, foi utilizado uma rede de pesca pequena e quatro vidros de esmalte para realizar a identificação. O esmalte foi escolhido pois os cientistas precisavam de um sistema de marcação eficiente e que não fosse permanente. Cada morcego foi marcado com uma combinação de quatro cores para que fossem identificados quais deles já haviam sido capturados.

Reprodução

O processo de contagem foi um pouco demorado – estima-se que levou cerca de 20 minutos por morcego -, além de que os cientistas não conseguiam passar mais de uma hora dentro das cavernas justamente por não saberem o impacto da presença humana nos morcegos. Foi informado que eles conseguiram capturar, em média, sete morcegos por sessão dentro da caverna.

As cavernas abrigam cerca de 13 espécies diferentes de morcegos, o que dificultou o processo, já que alguns morcegos de outras espécies foram capturados por engano. Devido à sua temperatura, que beirava os 40ºC e sua alta umidade, a caverna era o lar perfeito para cobras, centopeias, tarântulas e caranguejos gigantes, o que adicionava um grau de dificuldade maior à missão, já que os cientistas deveriam prestar atenção nos lugares onde pisavam.

Com os resultados obtidos, o foco agora é pensar em meios de proteger a colônia presente na caverna, em vez de coletar espécies e tentar reintroduzi-las em outro lugar. Mesmo com a pesquisa, incógnitas como o aumento da temperatura devido às mudanças da condição climática permanecem e preocupam os pesquisadores.

Via: Gizmodo