Apesar de ser o vizinho planetário mais próximo da Terra, Vênus ainda esconde muitos mistérios. Uma das coisas que ainda não sabemos sobre o planeta e que intriga os astrônomos há anos é o que exatamente acontece em suas nuvens. Agora, um novo estudo sugere que o clima de Vênus pode ser afetado por microorganismos semelhantes aos que vivem em nossa atmosfera.

As nuvens em Vênus são espessas e ácidas, sendo compostas principalmente por ácido sulfúrico. Elas também são opacas e altamente refletivas, portanto, obscurecem a maior parte do planeta. Isso torna difícil para os astrônomos obter uma visão clara da superfície. “A diferença entre a Terra e Vênus é que na Terra a maior parte da energia do sol é absorvida ao nível do solo, enquanto em Vênus a maior parte do calor é depositada nas nuvens”, disse Sanjay Limaye, co-autor do novo estudo.

O estranho é que as nuvens venusianas têm manchas escuras misteriosas dentro delas, que os cientistas chamam de “absorventes desconhecidos”. Essas manchas absorvem o ultravioleta e parte da luz visível do sol, o que impacta o clima do planeta. Mas os pesquisadores ainda não sabem exatamente do que essas manchas são feitas. “Sugeriu-se que as partículas que compõem as manchas escuras sejam cloreto férrico, alótropos de enxofre, dióxido de enxofre e assim por diante, mas nenhuma destas hipóteses é capaz de explicar satisfatoriamente suas propriedades de formação e absorção”, explicou Yeon Joo Lee, o autor sênior do estudo.

Uma sugestão ousada para o que as manchas poderiam ser é que elas são aglomerados de algum tipo de microorganismo. Os autores apontam que as partículas que estão estudando têm aproximadamente o mesmo tamanho dos microorganismos na atmosfera da Terra e também possuem as mesmas propriedades de absorção de luz.

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Qualquer que seja a natureza das manchas, os cientistas têm certeza de que elas estão afetando a atmosfera do planeta. Lee e colegas observaram as nuvens venusianas usando instrumentos como a sonda Akatsuki do Japão e o Venus Express da Agência Espacial Europeia para ver como elas mudam ao longo do tempo, particularmente em termos de refletividade.

Em um período de aproximadamente dez anos, começando em 2006, a quantidade de luz ultravioleta refletida foi reduzida pela metade e depois voltou ao seu nível original. Isso significava que muito mais radiação solar foi absorvida em alguns pontos do que em outros, o que afetou o clima – especialmente na atmosfera superior, onde os ventos podem atingir 320 quilômetros por hora ou mais.

Esses resultados não nos dizem mais apenas sobre a atmosfera estranha de Vênus. Cientistas ambientais dizem que também podem nos ensinar sobre como a radiação solar pode afetar o clima aqui na Terra. 

Via: DigitalTrends