Pesquisadores de Harvard desenvolveram uma nova câmera fotográfica baseada nos olhos das aranhas. Contando com uma maior percepção de profundidade, a “metalente” foi criada pelo engenheiro elétrico e professor Federico Capasso e sua equipe. O material foi publicado nesta segunda-feira (28), em uma revista especializada em ciências aplicadas.

Os cientistas tomaram como base as aranhas saltadoras (da família Salticidae) para desenhar a nova lente. Isso porque ao invés de terem diversos olhos capturando imagens levemente diferentes e completando o resto (como acontece nos humanos), cada um dos olhos das aranhas é, por si só, um sistema de detecção de profundidade.

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Cada olho tem diversas camadas, com retinas transparentes vendo a imagem com diferentes qualidades dependendo da distância. As variações de qualidade dos diversos olhos e camadas são comparadas com o sistema nervoso do animal e então é produzida uma medição de distância, utilizando pouco de seu “hardware”.

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“O cálculo apropriado, no qual você pega duas imagens e realiza uma busca pelas partes correspondentes, é computacionalmente penoso”, diz Todd Zickler, co-autor do estudo. “Humanos têm um cérebro grande, bom para esses cálculos, mas as aranhas não.”

Como funciona

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Os pesquisadores então criaram uma lente de alta tecnologia que usa uma técnica similar, produzindo a habilidade de “sentir” a profundidade sem os elementos tradicionais da óptica. A lente identifica uma imagem como duas semelhantes mas de diferentes qualidades, assim como o olho da aranha. Essas imagens são comparadas utilizando um algorítmo e o resultado é uma imagem completa, com cálculo de profundidade, feita em tempo real.

“As metalentes são uma tecnologia que vai virar o jogo por conta das habilidades de implementar funções ópticas existentes e novas de forma muito mais eficiente, rápida e com menos complexidade do que as lentes atuais”, explica Capasso. “A fusão de novidades em design óptico com imagem computacional nos levou a essa nova câmera de profundidade, que abrirá uma vasta gama de oportunidades na ciência e na tecnologia.”

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O processo não é apenas eficiente, podendo ser feito com pouquíssimo hardware e energia, como também pode ser extremamente compacto: o utilizado no experimento tinha somente três milímetros. Devido a isso, essa tecnologia pode ser incluída em carros autônomos, robôs industriais ou até mesmo em pequenos itens inteligentes, gadgets e telefones celulares.