Um guia ao espectador que pretende se aventurar pelo cinema do mestre da Nova Hollywood. É uma preparação para a visão (ou revisão) do mais recente O Irlandês.

Kundun (1997)

O Scorsese meditativo tende a ser mais irregular. É um diretor da aceleração, como mostrava o longa anterior, Cassino.

Quem Bate à Minha Porta (1969)

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Aqui o estilo ainda está sendo burilado, e a marca da juventude responde pela irregularidade.

O Lobo de Wall Street (2013)

Scorsese tenta se modernizar a qualquer custo. Exagera um pouco.

A Invenção de Hugo Cabret (2011)

Simpática, mas limitada, homenagem a Méliès e aos pioneiros do cinema.

O Silêncio (2016)

Novamente o Scorsese meditativo, mas com algumas imagens muito belas.

Sexy e Marginal (1971)

Ideias demais para estrutura de menos. Mas já se nota o talento do diretor.

O Irlandês (2019)

Um tanto decepcionante, mas com momentos de força. O texto virá logo mais aqui no Olhar Digital.

A Ilha do Medo (2010)

Outro filme pouco amado do Scorsese do século 21, mas com momentos belíssimos.

Os Infiltrados (2006)

Homenagem ao Scarface de Howard Hawks e o Oscar tão aguardado por este remake de um filmaço oriental.

O Aviador (2004)

O aventureiro reserva as melhores sequências, enquanto o maníaco responde pelas piores. No balanço, um filme forte e ambicioso de um diretor maduro.

Gangues de Nova York (2002)

Aqui começa a fase “mamãe, quero ganhar um Oscar” do diretor. Uma fase grandiosa demais para um diretor da aceleração (Scorsese não é David Lean). Mas este é o melhor dele neste século.

Vivendo no Limite (1999)

Frescor e estilo num filme que anuncia novos tempos, ao mesmo tempo em que encerra os anos 1990 do diretor – estilisticamente, mais do que cronologicamente.

Alice Não Mora Mais Aqui (1974)

Com este longa, Scorsese homenageia o melodrama ao mesmo tempo em que presta tributo (e expurga o fantasma) de seu grande mestre, John Cassavetes.

A Última Tentação de Cristo (1988)

Meditativo, o que é um desafio para o diretor, mas com um crescendo raro de se conseguir.

Caminhos Perigosos (1973)

Após Sexy e Marginal, Scorsese aprimora e dá voz a seu estilo e se reafirma como um diretor interessado na marginalidade. É o longa que melhor denota a influência da Nouvelle Vague francesa no diretor novaiorquino.

Os Bons Companheiros (1990)

Talentosíssimo – e desagradável em alguns momentos – retrato de gangsters num meio caminho entre os bandidinhos de rua e os influentes chefões.

Cabo do Medo (1991)

O primeiro remake de Scorsese é uma aula no uso do scope (pela primeira vez em sua carreira) e da caracterização do suspense, com um vilão de antologia: o Max Cady de Robert De Niro.

Depois de Horas (1985)

Um dos filmes mais acelerados e doidos de Scorsese, com movimentações de câmera exuberantes por cortesia de Michael Ballhaus.

A Cor do Dinheiro (1986)

Ballhaus novamente, passeando pelas mesas de sinuca com incrível desenvoltura. Tom Cruise em um de seus melhores papéis de Tom Cruise, e Paul Newman brilhando como o veterano Fast Eddie Felson.

New York New York (1977)

Um dos filmes mais tristes do diretor (junto de O Irlandês, ambos com De Niro) e uma ode ao musical americano e ao pai de sua namorada de então, Liza Minnelli (há uma homenagem explícita ao Sinfonia de Paris de Vincente Minnelli).

Na Época da Inocência (1993)

Scorsese imitando Luchino Visconti com um talento inimaginável dada a sua carreira pregressa. Um assombro de filme e uma das maiores provas de seu talento.

O Rei da Comédia (1983)

Uma obra-prima da crueldade e do desespero, com Jerry Lewis como um comediante e apresentador da TV que é perseguido por um amador sem talento interpretado por De Niro. É heresia comparar este filmaço com o recente e irregular Coringa.

Cassino (1995)

Primeira e melhor parceria com o diretor de fotografia Robert Richardson (de Oliver Stone), num longa quase perfeito sobre a decadência de um amor, com um comentário paralelo sobre a Nova Hollywood que Scorsese protagonizou ao lado de outros “moleques de rua”.

Taxi Driver (1976)

O que aconteceu de fato? Estaríamos dentro de um sonho do protagonista, Travis Bickle (De Niro)? E a releitura de Rastros de Ódio (John Ford, 1956) na belíssima história do resgate da prostituta-mirim interpretada por Jodie Foster. Um dos filmes mais belos dos anos 1970.

O Touro Indomável (1980)

O preto e branco dá um tom melancólico a este filme em que De Niro arrasa como o boxeador Jake La Motta. E Scorsese arrasa na direção, após ter quase morrido por causa de seu vício em drogas. Mas ele fala também de cinema, e de uma história do cinema, enquanto a Nova Hollywood já começava a se tornar uma impossibilidade.