A Nasa publicou em quatro artigos na revista Nature os resultados da análise dos dados da passagem da espaçonave Parker Solar Probe próxima ao Sol. Nunca um objeto humano chegou tão próximo do Sol: a Parker chegou a 24 milhões de quilômetros de distância de nossa estrela. Pode parecer distante, mas, se considerarmos que a Terra está a cerca 150 milhões de quilômetros do Sol, dá para ter uma ideia do feito.

De acordo com o site MIT Technology Review uma das descobertas é a origem do vento solar, um fluxo de partículas carregadas emitidas pela coroa solar. Os dados sugerem que tanto o vento quanto o campo magnético do sol se originam de buracos “frios” na coroa, onde as temperaturas são de 1,1 milhão de graus centígrados.

As partículas que compõem o vento solar são aceleradas por reversões periódicas no campo magnético do sol, que liberam uma enorme quantidade de energia. Os cientistas ainda não sabem o que causa as reversões, embora acreditem que tenham a ver com jatos de plasma que são expelidos da superfície da estrela.

O estudo dos ventos solares é importante pois tempestades solares, períodos de intensa atividade quando o fluxo de partículas aumenta significativamente, podem chegar à Terra e causar danos a satélites, sistemas terrestres de comunicação, redes de energia e até mesmo equipamentos eletrônicos.

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Os cientistas esperam que, aprendendo mais sobre a origem e o comportamento do vento solar, possamos desenvolver sistemas de alerta precoce para tempestades solares e descobrir melhores estratégias para nos proteger contra elas.

Além desse entendimento inédito sobre o vento solar, a sonda nos trouxe 5 outras descobertas envolvendo o Sol, o vento solar e as partículas solares.

Primeira descoberta – a poeira cósmica está espalhada em várias regiões do espaço. Porém, nas proximidades do nosso sol, essas partículas são vaporizadas, criando uma zona livre de poeira espacial. Essa região começa a, aproximadamente 6 milhões de quilômetros de distância do Sol.

Segunda descoberta – observados da Terra, as linhas de campos magnéticos solares parecem uniformes. Porém, a Parker Solar conseguiu mostrar que, na verdade, essas linhas se propagam de maneira não-uniforme. Elas podem, por exemplo, reverter curso, mudando sua trajetória em até 180 graus.

Terceira descoberta – cientistas sempre se perguntaram se os ventos solares se propagariam de maneira uniforme. Agora, sabe-se que a resposta é não. O plasma que compõe os ventos solares ora é impulsionado para o espaço e ora chega até a retornar para o Sol. Ao invês de um fluxo contínuo, os ventos solares têm um comportamento completamente irregular.

Quarta descoberta – pesquisadores não sabiam em que ponto o vento solar fazia uma transição para um fluxo mais constante – que é como eles acabam chegando à Terra. Agora, depois dos dados coletados pela sonda, foi possível constatar que essa transição ocorre bem mais longe do Sol do que o imaginado anteriormente.

Quinta descoberta – essa talvez seja a que oferece conhecimento mais prático. Apesar do Sol estar numa fase bastante tranquila nas duas órbitas realizadas pela sonda, a Parker Solar foi capaz de detectar explosões consideradas de pequeno porte. Da Terra, é impossível detectar essas explosões justamente porque elas têm escala menor. Agora, já se sabe que essas pequenas explosões são constantes e espalham partículas solares pelo espaço. Essas partículas são uma perigosa fonte de radiação, e quanto mais conseguirmos entender essas erupções de pequeno porte, melhor poderemos proteger equipamentos e astronautas no espaço.

A sonda Solar Parker vai continuar em sua aproximação do Sol, mas já nos forneceu informações até então inéditas sobre nossa estrela-mãe.

Fonte: MIT Technology Review