Pesquisadores do MIT descobriram que um dos gases mais fedorentos e tóxicos do planeta, a fosfina, pode ser um “indicador certeiro” da presença de vida em exoplanetas. A molécula é encontrada em locais nada atraentes como pilhas de esterco de pinguins, nas profundezas de pântanos e no intestino de animais como texugos e peixes.

A fosfina é um composto tão “desagradável” que nenhum organismo aeróbico, ou seja, que consome oxigênio, produz ou utiliza esta molécula. Entretanto, ela é produzida por bactérias anaeróbicas, que não consomem oxigênio, e mais importante: apenas por elas.

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Em um artigo publicado recentemente na revista Astrobiology os pesquisadores relatam que, se a fosfina fosse produzida em quantidades semelhantes ao metano na Terra, o gás geraria um padrão de luz característico na atmosfera de um planeta.

Esse padrão seria claro o suficiente para detectar a até 16 anos-luz de distância por um instrumento como o Telescópio Espacial James Webb. Em resumo, se a fosfina for detectada em um planeta rochoso, seria um sinal inconfundível de vida extraterrestre.

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“Aqui na Terra, o oxigênio é um sinal de vida realmente impressionante”, diz Clara Sousa-Silva, principal autora do artigo e pesquisadora do Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do MIT. “Mas outras coisas além da vida produzem oxigênio também. É importante considerar moléculas estranhas que podem não ser produzidas com tanta frequência, mas que se forem encontradas em outro planeta, tenham apenas uma explicação.”

Clara e seus colegas estão montando um banco de dados com as assinaturas de moléculas que tem o potencial para serem bioindicadores. A vasta maioria dos 16.000 candidatos ainda tem que ser completamente caracterizada, ou seja, se fossem encontradas na atmosfera de um exoplaneta, os cientistas ainda não teriam certeza de elas são sinais de vida ou se poderiam ter sido criadas por algum outro processo. A exceção é a fosfina.

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Os pesquisadores testaram vários cenários para identificar potenciais processos que poderiam levar à geração de fosfina, mas exceto pelos ambientes extremos de gigantes gasosos como Júpiter e Saturno, a única explicação em planetas rochosos como o nosso é atividade anaeróbica.

Sousa-Silva diz que, além de estabelecer a fosfina como uma bioassinatura viável na busca por vida extraterrestre, os resultados do grupo fornecem um processo para os pesquisadores seguirem na caracterização de quaisquer outros dos outros 16.000 candidatos à bioassinatura.

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“Penso que a comunidade precisa investir na filtragem desses candidatos em alguma prioridade”, diz ela. “Mesmo que algumas dessas moléculas sejam indicadores realmente fracos, se pudermos determinar que apenas a vida pode emitir esse sinal, sinto que seria uma mina de ouro”, diz a pesquisadora.

Fonte: Phys.org