Depois de aprender mandarim, codificar um assistente de Inteligência Artificial, ler mais livros e aprender a caçar, Mark Zuckerberg – CEO e criador do Facebook – cansou de metas para o ano-novo. Ele agora aposta em metas para a década nova.

Em uma postagem na sua conta pessoal, o executivo contou que quer focar no longo prazo. “Quando iniciei esses desafios, minha vida era quase toda sobre a construção do site do Facebook. Agora há muito mais para aprender. Em vez de ter desafios ano a ano, tentei pensar no que espero que o mundo e minha vida pareçam em 2030, para ter certeza de que estou focado nessas coisas”, escreveu Zuckerberg.

Ajuda o fato de que ele tem muito mais responsabilidades agora. Além das visitas frequentes aos parlamentos norte-americano e europeu para dar explicações em relação à política de privacidade da sua empresa (que em seu texto, Zuckerberg se refere como “estamos lidando com muito mais responsabilidade social”), o executivo também é pai de duas meninas. “Até lá, se as coisas correrem bem, minha filha Max estará no ensino médio”, lembrou.

Privacidade

No meio do fogo cruzado entre o uso inapropriado das informações pessoais dos usuários, e acusações de usar algoritmos que favorecem a manipulação dos usuários, Zuckerberg aposta em uma rede social mais privada na próxima década.

publicidade

“Essa é uma das áreas de inovação que mais me entusiasma. Nossos ambientes sociais digitais se sentirão muito diferentes nos próximos cinco anos, enfatizando novamente as interações privadas e ajudando-nos a construir as comunidades menores que todos precisamos em nossas vidas”.

Outra aposta é na maior regulamentação das comunidades digitais, como maneira de garantir liberdade de expressão, segurança, privacidade e aplicação das leis. “É raro haver sempre uma resposta certa e, em muitos casos, é importante que as decisões sejam tomadas de uma maneira que pareça legítima para a comunidade”, acredita.

O executivo aponta dois caminhos: governos “vistos como legítimos” estabelecendo regras “por meio de um processo democrático” (“Pedi uma nova regulamentação e, na próxima década, espero que tenhamos regras mais claras para a Internet”, contou no texto) ou estabelecer novas maneiras de as próprias comunidades se governarem.

Não por acaso, Zuckerberg prefere a segunda opção. “Um exemplo de governança independente é o Conselho de Supervisão que estamos criando. Em breve, você poderá apelar das decisões de conteúdo que discordar para um conselho independente que terá a decisão final sobre se algo é permitido. Nesta década, espero usar minha posição para estabelecer mais governança comunitária e mais instituições como essa. Se isso for bem-sucedido, poderá ser um modelo para outras comunidades online no futuro”.

Empreendedorismo

Para 2030, o CEO do Facebook projeta ainda um choque de geração na administração dos negócios. “Até o final desta década, espero que mais instituições sejam geridas pelos millennials e mais políticas sejam definidas para resolver esses problemas com perspectivas de longo prazo”, afirma Zickerberg, citando mudanças climáticas aos custos descontrolados de educação, moradia e saúde.

Estrategicamente, o executivo planeja focar “no financiamento e na criação de uma plataforma para jovens empreendedores, cientistas e líderes para permitir essas mudanças”. Pequenas empresas também estão no radar do Facebook, que já conta com 140 milhões de clientes nesse setor – incluindo as contas no Instagram e WhatsApp.

“Na próxima década, esperamos construir as ferramentas de comércio e pagamentos para que todas as pequenas empresas tenham acesso fácil à mesma tecnologia que anteriormente apenas as grandes empresas possuíam”, afirma o executivo.

A próxima plataforma de computação

Em seu texto, Zuckerberg afirma que a plataforma tecnológica dos anos 2010 foi o celular, dos anos 2000 foi a web e na década de 1990 o computador de mesa. Com muito dinheiro investido no Oculus VR, e sem surpresas, o executivo aposta na realidade aumentada para os 2020.

“A realidade aumentada e virtual é sobre proporcionar uma sensação de presença – a sensação de que você está lá com outra pessoa ou em outro lugar. Embora alguns dos primeiros dispositivos pareçam desajeitados, acho que essas serão as plataformas de tecnologia mais humanas e sociais que alguém já construiu”, escreveu.