A “sopa primordial” é como os cientistas chamam a mistura teórica de compostos orgânicos que podem ter dado origem à vida na Terra. Bilhões de anos atrás, ingredientes da vida se misturaram, a maior parte deles, abundantes na Terra primitiva – menos um deles, o Fósforo.

Cientistas não sabem ao certo como o fósforo mineral, um dos seis principais elementos químicos da vida, se tornou abundante o suficiente na Terra primitiva para que a vida surgisse. Mas um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences aponta para uma origem: “Soda Lakes”, lagos salinos alcalinos que se formam em regiões secas e de baixa altitude.

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“Por 50 anos, o chamado ‘problema do fosfato’ tem atormentado estudos sobre a origem da vida”, disse professor assistente de pesquisa em ciências da Terra e do Espaço da Universidade de Washington, Jonathan Toner. O elemento é crucial para a vida como a conhecemos, ajuda a formar a espinha dorsal das moléculas de DNA e RNA; ancora lipídios, ou gorduras, que separam as células do ambiente ao seu redor; e ajuda a fornecer energia vital, servindo como o principal componente de moléculas como o trifosfato de adenosina ou ATP.

Mas de onde veio tanto fósforo? Algumas teorias diziam que meteoritos contendo o mineral podem ter caído nas piscinas ácidas e quentes que circundavam os vulcões jovens no início da Terra. A reação química poderia produzir uma substância semelhante à encontrada em células vivas. Porém, o novo estudo encontrou uma grande quantidade de fósforo na Terra mesmo.

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Pesquisadores analisaram lagos ricos em carbonatos, também conhecidos como “soda lakes”, formados pela evaporação da água, que tornam os lagos salgada e alcalina (com um pH alto). Medições de fósforo em lagos salinos em todo o mundo encontraram concentrações de fósforo até 50 mil vezes maior do que o encontrado na água do mar, rios e outros tipos de lagos.

Ou seja, não precisou de meteoro: um processo natural permite que o fósforo se acumule nesses lagos. Durante as estações secas, os níveis de fosfato podem subir, o que significa que esses corpos podem ter até 1 milhão de vezes mais fósforo do que a água do mar. “Os níveis extremamente altos de fosfato nesses lagos e lagoas teriam impulsionado reações que colocariam o fósforo nos componentes moleculares do RNA, proteínas e gorduras, todos necessários para manter a vida”, explica David Catling, também professor da Universidade de Washington.

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O ar rico em dióxido de carbono da Terra há 4 bilhões de anos ajudaria a criar lagos com altos níveis de fósforo. Além disso, o dióxido de carbono se dissolve na água, tornando-a mais ácida, que, por sua vez, libera fósforo das rochas. “A Terra primitiva era um lugar vulcanicamente ativo, então você teria muitas rochas vulcânicas frescas reagindo com dióxido de carbono e fornecendo carbonato e fósforo aos lagos”, afirma Toner.

Via Space.com