Explosões rápidas de rádio (Fast radio bursts, em inglês, ou FRBs) enormes picos de energia eletromagnética – tão poderosos quanto centenas de milhões de sóis – que duram milissegundos. Um desses fenômenos foi captado em 2017, brilhando intensamente no espectro de rádio, e sumiu. Pesquisadores procuraram por novos sinais por meses e nada. Parecia ser só isso.

Mas não foi. Observações recentes revelaram a repetição do sinal, quase 600 vezes mais fraca que a primeira explosão. A repetição sugere que essas explosões de rádio estranhas que continuamos detectando no cosmos podem ser mais ativas e mais complexas do que se imaginava, segundo uma pesquisa publicada no The Astrophysical Journal Letters.

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Ainda não se sabe a causa ou mesmo de onde eles vêm essas explosões. Das mais de 150 detectadas, apenas em algumas se pôde determinar suas galáxias de origem. “Uma das grandes questões em aberto sobre os FRBs é se eles repetem ou não. Embora mais de cem FRBs sejam conhecidos, até recentemente apenas um foi repetido”, explica o astrônomo Pravir Kumar, da Universidade de Tecnologia Swinburne, na Austrália, em entrevista ao ScienceAlert.

Nem todos os FRBs são iguais. Existem diferenças como a força do sinal, a maneira como o sinal é distorcido (polarização), pequenas diferenças na duração. Para encontrar FRBs e procurar por repetições, Kumar e sua equipe usavam o radiotelescópio Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ASKAP).

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“Encontramos 20 FRBs e procuramos repetições com o ASKAP por dois anos. Em mais de 12 mil horas, não encontramos nenhuma”. Sem sucesso, os pesquisadores apontaram o telescópio do Observatório de Green Bank, nos EUA, para o mesmo trecho do céu. Dois sinais fracos surgiram.

“Quando vi pela primeira vez o sinal FRB na tela do meu computador, simplesmente não conseguia acreditar”, disse Kumar ao ScienceAlert. “Foi realmente um momento muito emocionante”

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Novos sinais repetidos foram encontrados desde então, e o número total de rajadas de rádio rápidas conhecidas sugerem que algumas das muitas FRBs detectadas até agora também podem estar explodindo repetidamente, fora do alcance de detecção dos instrumentos que foram usados ​​para acompanhá-las.

Alguns dos sinais de repetição são incrivelmente fracos – cerca de 590 vezes mais fracos que a explosão detectada pelo ASKAP. Um estudo no ano passado tenta descobrir a causa das explosões e encontrou semelhança com as explosões de magnetar – um tipo especial de estrela de nêutrons. Só tem um porém: as fontes de FRB seriam 100 bilhões de vezes mais luminosas.

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“Essa descoberta nos aproximou um pouco mais do entendimento da relação entre repetições e explosões pontuais. Mostramos que pelo menos algumas fontes brilhantes de FRB têm repetições fracas e pode ser repetido se seguirmos com telescópios mais sensíveis”, explica Kumar.

Via: ScienceAlert