Neste período de confinamento, nada melhor do que curtir um filme em casa. Melhor ainda se um dos melhores catálogos de streaming disponibiliza tudo de graça, por 30 dias.

Foi o que fez o SPCine Play a partir desta terça, 17, justamente quando começaram a fechar vários locais públicos das grandes cidades brasileiras, especialmente em Rio e São Paulo. Felizmente, a SPCine Play chega em todas as cidades brasileiras.

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No catálogo, nada menos do que três obras-primas de Manoel de Oliveira (1908-2015), o grande mestre do cinema português: “O Estranho Caso de Angélica” (2010), “O Gebo e a Sombra” (2012), seus dois últimos longas, e “Visita ou Memórias e Confissões”, filme que ele realizou em 1982 para ser exibido em público somente após sua morte.

Outro cineasta essencial presente no catálogo é Andrea Tonacci, representado por seus dois últimos longas, os geniais “Serras da Desordem” (2006) e “Já Visto Jamais Visto” (2014), dois dos melhores filmes do cinema brasileiro deste século, além do primeiro longa, “Bang Bang” (1971), um dos melhores exemplares do cinema de invenção (1967-1972), mais o ensaístico e altamente político (não que os outros deixem de ser) “Conversas no Maranhão” (1981). Complementam sua estante dois curtas de início de carreira, o monumental “Bla Bla Bla” (1968) e “Olho por Olho” (1966).

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Na seção de filmes da Mostra Internacional de São Paulo, a mesma que tem os filmes de Manoel de Oliveira, podem ser encontradas duas outras obras-primas do cinema contemporâneo: “Cães Errantes” (2013), de Tsai Ming Liang, e “Os Campos Voltarão” (2014), de Ermanno Olmi.

E na seção de clássicos brasileiros, obras inesquecíveis como “São Bernardo” (1971), de Leon Hirszman, “A Miss e o Dinossauro” (2005), de Helena Ignez (diretora com outros filmes representados, todos indicados), os subestimados “A Hora Mágica” (1993), “Perfume de Gardênia” (1992), “A Dama do Cine Shanghai” (1988) e “Flor do Desejo” (1984), de Guilherme de Almeida Prado (um dos desbravadores do pior momento do cinema brasileiro), “A Hora da Estrela” (1985), de Susana Amaral, e os três melhores filmes de João Batista de Andrade: “O Homem que Virou Suco” (1981), “A Próxima Vítima” (1983) e “O País dos Tenentes” (1987).

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Já indicamos muitos filmes de José Mojica Marins, e eles também estão disponíveis na plataforma. São obrigatórios não só para fãs de terror, mas para quem admira o cinema moderno brasileiro em seu mais inventivo e original. Destaques para “À Meia Noite Levarei Sua Alma” (1964), “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1966) e “O Despertar da Besta” (1969). Infelizmente ainda não está no catálogo o essencial “Exorcismo Negro” (1974).

Finalmente, há muitos outros filmes recentes que vale conhecer ou rever, especialmente brasileiros deste século, além de filmes clássicos de Hector Babenco, como “Lúcio Flávio: O Passageiro da Agonia” (1977), “Brincando nos Campos do Senhor” (1990) e “Carandiru” (2003).

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Com um catálogo desse nível fica muito mais fácil resistirmos à pandemia no conforto de nossas casas.

* Sérgio Alpendre é crítico e professor de cinema