Assim como policiais forenses, pesquisadores da Universidade de Chatham, nos Estados Unidos, analisaram as pegadas fossilizadas de seres humanos pré-históricos na África para determinar alguns de seus comportamentos – em um estudo publicado na nesta quinta-feira (14) na revista Nature.  

“As pegadas fósseis de hominídeos preservam dados em uma escala de tempo notavelmente curta em comparação com a maioria das outras evidências fósseis, oferecendo retratos instantâneos de seus contextos ecológicos e comportamentais”, afirmam os cientistas no artigo sobre o achado, que tem entre 5.760 e 19.100 anos.

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As escavações na Tanzânia encontraram mais de 400 pegadas humanas do Pleistoceno tardio, sendo o maior conjunto atualmente conhecido a partir do registro fóssil na África. Acredita-se que a erupção de um vulcão na região fez com que a lava expelida se misturasse com a água da enchente de um lago, o que criou uma lama que com o tempo endureceu como cimento e preservou a trilha dos humanos que passaram por lá.

O sítio de Engare Sero, em frente ao vulcão Ol Doinyo Lengai (Cynthia Liutkus-Pierce)

De acordo com o biólogo evolucionista Kevin Hatala, que liderou a pesquisa, todas as pegadas foram deixadas por humanos descalços, dadas as impressões individuais dos dedos dos pés, que são facilmente distinguíveis. O grupo consistia principalmente de mulheres adultas, cerca de 14 delas, que caminharam juntas no mesmo ritmo – com apenas dois homens adultos e uma criança acompanhando-as.   

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Outro conjunto de seis indivíduos deixou rastros se movendo na direção oposta e exibindo uma maior variedade na velocidade, com pelo menos duas pessoas em caminhada rápida, e um conjunto de pegadas de uma correndo. Devido à diferença de velocidade, os pesquisadores sugerem que é improvável que essas seis pessoas estivessem viajando juntas.

Não se pode ter certeza do que o grupo estava fazendo quando caminhou pela lama, mas os pesquisadores sugerem que estivessem procurando por comida na região. “Esse tipo de prática entre humanos é única entre os primatas, pois tipicamente se alimentam juntos e dividem o trabalho entre os sexos”, explicam os autores do artigo. “Em grupos humanos modernos, fêmeas adultas forragearão cooperativamente, com visitas ocasionais ou acompanhamento de homens adultos”.

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Isso explica também a ausência de crianças – algo que não seria surpreendente se essa área fosse usada principalmente para fins de coleta de alimentos realizados por pessoas mais velhas. “Além dos bebês (que provavelmente são carregados), as crianças são tipicamente excluídas desses tipos de atividades de forragem em grupo e deixadas no acampamento”, escreve a equipe.

Via: Science Alert