Na semana passada, Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, defendeu a moderação de “fake news”, mesmo que isso partisse de líderes políticos. Ele citou nominalmente o presidente brasileiro Jair Bolsonaro ao mencionar uma publicação excluída por apontar um medicamento que supostamente curaria a Covid-19. Nesta quinta-feira (28), ele mudou de discurso e defendeu que a plataforma não deve fazer praticar a checagem de fatos ligados à política após redes sociais virarem alvo de Donald Trump pela prática.

A discussão nasceu quando o Twitter decidiu cercar duas publicações de Trump com avisos de que as informações haviam sido verificadas por agências externas, e que elas eram falsas. Como reação, o presidente americano passou a ameaçar as empresas de redes sociais com regulamentações, e o Facebook também acabou envolvido.

Diante da situação, Zuckerberg foi entrevistado pelo canal Fox News, onde ele alegou que a política de moderação de notícias falsas era diferente da aplicada pelo Twitter.

“Eu acredito fortemente que o Facebook não deveria ser o árbitro da verdade em tudo que as pessoas dizem online. Empresas privadas provavelmente não deveriam ser, especialmente as empresas de plataformas, não deveriam estar na posição de fazer isso”, disse Zuckerberg.

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O executivo explica que a rede social até tem um programa de checagem de fatos com agências externas, mas elas não seriam dedicadas a analisar conteúdo que seja levemente falso. O objetivo seria apenas “pegar o pior do pior” entre os boatos. “O ponto do programa não é tentar analisar palavras para identificar se algo é um pouco falso ou verdadeiro. Em política, eu acho que é preciso dar maior deferência para o processo e o discurso político”, ele defendeu.

Novamente, ele diz isso após defender as ações da empresa quando o Facebook excluiu uma publicação de Bolsonaro na rede social sobre a cloroquina e incluiu um aviso de informação incorreta em uma publicação no Instagram.

Diante das críticas de Zuckerberg, Jack Dorsey, CEO do Twitter, também se manifestou, sustentando a posição da empresa em manter os alertas de informações falsas mesmo em publicações de líderes políticos.

“Há alguém responsável pelas ações da minha empresa, e este sou eu. Por favor, deixe nossos funcionários fora disso. Continuaremos a apontar informações incorretas ou discutíveis sobre eleições no mundo inteiro e vamos admitir qualquer erro que cometermos. Isso não faz de nós ‘árbitros da verdade’. Nossa intenção é conectar os pontos entre afirmações conflitantes e mostrar a informações em disputa para que as pessoas possam julgar por conta própria. Mais transparência de nossa parte é crítica para que as pessoas possam ver claramente as razões por trás de nossas ações”, diz a publicação.