A Rússia anunciou nesta quinta-feira (20) mais alguns detalhes sobre a polêmica Sputnik V, a vacina desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, que ganhou os noticiários do mundo por ser a primeira no mundo a obter o registro em órgãos regulatórios, mesmo que a pesquisa claramente não tenha passado por todas as etapas necessárias antes da distribuição em massa.

Os pesquisadores afirmaram esperar que a vacina seja capaz de produzir imunidade contra o coronavírus por um período de dois anos com duas doses, utilizando uma técnica de vetor viral de adenovírus, similar ao que faz a vacina de Oxford-AstraZeneca e a da chinesa CanSino. 

Segundo Kirill Dmitriev, diretor do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), que tem financiado e apoiado o desenvolvimento da vacina, atribui as críticas ao projeto a uma “guerra de informação”, mas é fato que os estudos queimaram justamente a etapa mais importante, a fase 3, que verifica se a fórmula realmente é capaz de imunizar as pessoas contra o vírus, antes do registro oficial. Sem essa fase, não é possível atestar que a reação imunológica gerada nas fases anteriores realmente é protetora contra uma infecção.

A prova de que a fase 3 nunca começou é que a Rússia confirmou que ela começará agora, na próxima semana, com 40 mil participantes em 45 centros de pesquisa espalhados pelo país, como informa o Instituto Gamaleya. No entanto, a vacinação em massa está prevista para começar em outubro, mirando inicialmente grupos de alto risco, como profissionais de saúde, simultaneamente ao desenrolar da fase 3 de testes.

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Sobre a questão do mistério em torno desta vacina, Dmitriev afirma que em breve as suspeitas internacionais devem começar a se dissipar. Segundo ele, os estudos serão publicados em uma revista científica até o fim do mês, permitindo à comunidade científica finalmente poder analisar os resultados para saber se a pesquisa realmente é séria.

Mesmo com tanta desconfiança, a Rússia diz já estar costurando acordos para acelerar a produção pelo mundo, o que inclui uma parceria com o governo do Paraná para fabricação no Brasil. Neste momento, a capacidade já está em 500 milhões por ano, e pode chegar a 1 bilhão com novos acordos.