Cientistas da Sociedade Astronômica Real no Reino Unido detectaram, de forma “inequívoca”, a presença de moléculas de Fosfina (PH3) na atmosfera de Vênus. A descoberta é significativa, afinal, na Terra, a substância só é produzida pela atividade de bactérias anaeróbicas, e ela já vinha sendo considerada como uma possível “assinatura” de atividade biológica.

A superfície de Vênus é inóspita à vida como conhecemos, com temperaturas que podem chegar aos 464 ºC e pressão atmosférica equivalente a 92 vezes a encontrada na Terra ao nível do mar. Entretanto, no topo da troposfera do planeta, a 65 km de altitude, a temperatura e pressão não são muito diferentes do encontrado em nosso planeta. Foi nesta região que a Fosfina foi encontrada, em concentração de 20 partes por bilhão.

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Segundo os pesquisadores, há apenas duas possibilidades para explicar a quantidade de fosfina encontrada: um processo químico completamente desconhecido pela ciência atual, ou a presença de organismos vivos.

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Fotos da superfície de Vênus, obtidas pela sonda soviética Venera 13 em 1982

Em dezembro passado um artigo na publicado na revista Astrobiology postulou que se a fosfina fosse produzida em quantidades semelhantes ao metano na Terra, o gás geraria um padrão de luz característico na atmosfera de um planeta. Foi exatamente este o método usado para detecção da substância, com dados capturados por telescópios de grande porte como o James Clerk Maxwell Telescope, no Havaí, e o ALMA (Atacama Large Millimiter Array), no Chile.

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Segundo um artigo publicado na revista Nature, “a presença de PH3 é inexplicada após um estudo exaustivo de caminhos químicos e fotoquímicos, com nenhuma forma atualmente conhecida de produção abiótica na atmosfera, nuvens, superfície e subsolo de Vênus, ou como resultado de raios, atividade vulcânica ou transporte por meteoros”.

Os cientistas são cautelosos e não afirmam que descobriram vida, mas sim um possível indicador dela. Dados mais concretos poderão ser obtidos com futuras missões a Vênus, possivelmente incluindo balões capazes de mergulhar na atmosfera do planeta, coletar amostras e realizar análises a longo prazo.

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Uma visita em 2023?

Recentemente o CEO e fundador da Rocket Lab, Peter Beck, afirmou em uma sessão de perguntas e respostas transmitida pelo YouTube que está “loucamente apaixonado por Venus” e que está “trabalhando muito para montar uma missão privada para ir a Vênus em 2023”.

A Rocket Lab, sediada na Califórnia, projeta e fabrica foguetes e satélites, e quer dar seu salto para a exploração espacial com uma missão de astrobiologia para Vênus. Beck descreveu o planeta como “a Terra após um desastre climático”.