Cada exoplaneta descoberto representa uma série de surpresas para os cientistas, mas K2-315b é certamente intrigante. O planeta recém-descoberto, que provavelmente é rochoso e tem 95% do raio da Terra, orbita uma estrela anã-vermelha, com um quinto da massa do nosso Sol, a 186 anos-luz de nós. Até aí, nada de estranho.

O que chama a atenção é o tempo que ele leva para completar uma volta ao redor de sua estrela. São 3,14 dias, um número tão próximo da constante matemática Pi (que não tem valor exato, mas pode ser “arredondada” para 3,14159) que lhe rendeu o apelido de “Terra Pi”.

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As primeiras detecções de “algo” em órbita da estrela K2-135 foram feitas em 2017 pelo telescópio espacial Kepler, que detectou 20 trânsitos (passagens) do planeta em frente à sua estrela. Mas não era o bastante para confirmar sua existência.

Armado com estes dados, o astrônomo Prajwal Niraula, estudante de graduação do Departamento da Terra, Ciências Planetárias e Atmosféricas do (EAPS), do MIT, e seus colegas usaram uma rede de telescópios chamada SPECULOOS, com observatórios em Paranal, no Chile, e Tenerife, nas Ilhas Canárias, para realizar mais três observações, em fevereiro, março e maio deste ano.

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Eles encontraram mais três quedas periódicas no brilho da estrela, consistentes com o período de 3,14 dias observado pelo Kepler, e obtiveram uma análise do espectro luminoso da estrela usando o HIRES, um espectrômetro localizado no observatório W. M. Keck no Havaí. Com isso, reuniram dados suficientes para confirmar a existência do planeta, que foi anunciada em um artigo publicado na segunda-feira (21) na revista científica The Astronomical Journal.

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Planeta inabitável

Apesar de ser rochoso como a Terra, não há possibilidade de o planeta ser habitado, já que a proximidade com sua estrela significa que a temperatura em sua superfície pode chegar a 177 graus Celsius. Ainda assim, ele é um bom candidato a estudos futuros.

Segundo Niraula, futuros telescópios espaciais como o James Webb, que será lançado em 31 de outubro de 2021, tem instrumentos sensíveis o suficiente para detectar a atmosfera de um planeta como K2-135b em apenas 40 trânsitos em frente à sua estrela, nos dando pistas importantes sobre sua história e composição.

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“Haverá mais planetas interessantes no futuro, a tempo do JWST, um telescópio projetado para analisar a atmosfera destes mundos alienígenas”, diz Niraula. “Com melhores algoritmos, espero que um dia possamos procurar por planetas menores, talvez tão pequenos quanto Marte”.

Fonte: Science Alert