A companhia sueca de tecnologia Micro Systemation AB – conhecida como MSAB – cortou as relações de negócios com Hong Kong. A empresa fornecia tecnologia para obtenção de dados de celulares para agências governamentais e policiais.

De acordo com o Bloomberg, documentos judiciais deste ano apontaram que a tecnologia da empresa foi utilizada para examinar o aparelho de Joshua Wong. O rapaz é um ativista pró-democracia que foi preso em outubro de 2019. A ação da companhia ocorre em meio a pressões para que outras empresas, que prestam serviços às autoridades do território, também se posicionem.

A MSAB, que já havia encerrado os negócios na China, tomou a decisão após os Estados Unidos retirarem o status especial de Hong Kong. Em julho, a Casa Branca decidiu extinguir o tratamento econômico e diplomático preferencial oferecido ao território. A medida foi em resposta a uma nova legislação aplicada pela China, que diminuiria a autonomia de Hong Kong e as liberdades individuais de seus cidadãos.

Segundo o vice-diretor da empresa, Mike Dickinson, a decisão americana impacta na atuação legal representação da MSAB nos Estados Unidos. O encerramento dos negócios na região foi classificado pelo executivo como “uma medida estratégica”. A polícia não comentou o fim das atividades da MSAB em Hong Kong.

publicidade

Reprodução

Governo de Hong Kong teria buscado tecnologias para acessar equipamentos eletrônicos. Imagem: LiaLeslie/Morguefile

Tensões em Hong Kong

A Polícia de Hong Kong teria feito, em julho, uma proposta para a compra de mais serviços da MSAB e de outras sete empresas do ramo. A informação foi divulgada por um site do território. O objetivo seria adquirir tecnologia para procurar evidências em celulares e outros dispositivos eletrônicos.

A ação policial teria ocorrido apenas duas semanas após a aplicação da nova lei que aumentou o controle chinês. As empresas citadas na proposta optaram por não se pronunciar sobre o assunto.

O acesso aos dados de celulares pode ser importante em investigações contra criminosos em potencial, apontam empresas de tecnologia. No entanto, há a preocupação de que essas ferramentas sejam utilizadas contra adversários políticos.

Uma das empresas que integrava a proposta, a israelense Cellebrite, também foi citada no caso de Joshua Wong. Com isso, um advogado ativista de direitos humanos de Israel ingressou com uma petição para impedir as exportações da empresa à Hong Kong. A companhia israelense não confirmou o fornecimento de tecnologia para o território.

A nova legislação de segurança, em vigência desde julho, já provocou a prisão de ao menos 20 pessoas e resultou em uma onda de protestos que continuam em Hong Kong.

Fonte: Bloomberg