Quando sai a vacina para a Covid-19? João Doria, governador de São Paulo, marcou uma data: 15 de dezembro. Se os testes caminharem como se espera e a Anvisa der a aprovação para o registro da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e testada no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, o estado pode começar a vacinação poucos dias antes do Natal.

Em entrevista coletiva desta quarta-feira (30), Doria reforçou a expectativa de que a vacina pode começar a imunizar brasileiros ainda neste ano. Os resultados devem ser analisados no dia 15 de outubro e, se, mesmo preliminares, forem claros em relação à eficácia da vacina, as autoridades prosseguirão para buscar a aprovação com a Anvisa.

Prometer, no entanto, é fácil. A parte difícil é comprovar que a vacina é eficaz em tão pouco tempo. Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, já explicou que os pesquisadores esperam reunir 61 casos de Covid-19 entre os participantes dos ensaios clínicos, espalhados entre os que receberam placebo e os que receberam a vacina. Se os casos estiverem concentrados em sua totalidade ou, pelo menos, em uma maioria estatisticamente relevante no grupo placebo, significa que a vacina funciona.

Acumular casos entre os voluntários é a parte demorada, que está fora do controle dos pesquisadores, já que precisa as infecções precisam ser acidentais. Não há como cravar quando esses 61 casos de Covid-19 serão registrados entre os participantes. Também há a possibilidade de que os resultados não sejam claros com esse número de casos, o que forçaria os pesquisadores a esticar os testes até a marca de 164 infecções. Neste cenário, os estudos podem se prolongar até meados de 2021, e a vacinação não poderia acontecer ainda neste ano. Os pesquisadores esperam aferir no mínimo 50% de eficácia antes de prosseguir para buscar a aprovação da CoronoVac.

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Doria afirma que até o fim do ano, São Paulo receberá 46 milhões de doses da CoronaVac, e que o acordo prevê a entrega de mais 14 milhões até fevereiro, totalizando 60 milhões de doses. Considerando que são necessárias duas aplicações por pessoa, seria o suficiente para 30 milhões. Também já foi prometido que até maio de 2021, 100 milhões de doses podem estar disponíveis. Neste caso, seria possível vacinar todos os residentes de São Paulo.

Doria também tem reforçado que, em caso de sucesso nas pesquisas, a vacina pode ser distribuída pelo SUS para todo o Brasil em parceria com o Ministério da Saúde, mas, ao que tudo indica, neste momento o governador pretende dar prioridade para seu estado.

O estado também se mostra confiante em relação à segurança da CoronaVac, que usa uma plataforma já bastante conhecida e estabelecida de vírus inativado. A vacina já foi aplicada em 50 mil pessoas na China, sem efeitos colaterais preocupantes ou duradouros.